André Vargas não suporta pressão; entenda por quê

  • Por Jovem Pan
  • 15/04/2014 11h26
BRASILIA, DF, BRASIL, 18-02-2014, 21h00: sessão conjunta do Congresso Nacional para analisar vetos presidenciais. Sob a presidência do vice-presidente do Congresso deputado Andre Vargas (PT-PR), a sessão tem a polêmica do projeto de lei vetado pela presidente Dilma Rousseff que autorizaria a criação de até 269 novos municípios. Cerca de 200 manifestantes estão nas galerias defendendo a derrubada do veto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) Pedro Ladeira/Folhapress André Vargas em plenário da Câmara

Reinaldo, então André Vargas não resistiu?

Felizmente não, escolheu esta terça-feira para anunciar que renuncia ao mandato. A situação do bruto já não andava bem no partido, mesmo assim quis ser o valentão. Em vez de perceber o tamanho da esparrela e renunciar logo, decidiu cobrar solidariedade da cúpula do partido e ameaçou gente graúda. Como Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo, Gleise Hoffman, pré-candidata ao governo do Paraná, além do ministro Paulo Bernardo das Comunicações, marido de Gleise.

Aí já era um pouco demais, fizeram o homem perceber que mesmo com escoriações o partido sobreviveria. Ele, no entanto, teria de decidir se seria apenas alguém que caiu em desgraça, com alguma chance de recuperação mais tarde ou um párea entre os pares. Pô Vargas, ameaçar companheiro é coisa que não se faz.

Com a renúncia, o PT pretende tirar o parlamentar do noticiário. Mantê-lo significaria manter também a curiosidade sobre os assuntos que ele andou ventilando para alguns companheiros. Tudo o que o PT quer é que se esqueça essa história de que a Labogen, um laboratório fantasma feito de sucata, ganhou o sinal verde do Ministério da Saúde sob o comando de Padilha.

Pois é, e pensar que o futuro de não notável figura já estava até desenhado. O PT não tem dúvida de que fará a maior bancada da Câmara, o que, se confirmado, lhe renderá a presidência da Casa na próxima legislatura. E o nome certo para ocupar o cargo era André Vargas, que passaria a ser, calculem vocês, a terceira pessoa na hierarquia do país, só perdendo para o presidente da República e o vice. Em caso de impedimento dos dois, quem assume o comando do país, é o presidente da Câmara.

Não é raro presidente e vice estarem em viagem e o Brasil, formalmente ao menos, ficar sob os cuidados de que preside a Câmara. Pois é, vejam como o doleiro Alberto Yousseff poderia ter chegado longe, e como é pequena a distância no Brasil entre um presidiário e um chefão da República.

É possível que a renúncia de Vargas seja o preço para o PT não expulsá-lo. A gente sabe que o partido nunca deixa os seus valentes na chuva. A segunda boa notícia é que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, como já informei aqui, Vargas está inelegível por oito anos a partir de 2015. Não pode, portanto, se candidatar nem em 2022, último ano da punição. Só poderá disputar um cargo eletivo de novo nas eleições municipais de 2024.




 

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