Ânimos exaltados e tom negativo parecem inesgotáveis em primárias americanas

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 08/04/2016 13h03
Montagem EFE/ Justin Lane e Peter Foley Hillary Clinton e Bernie Sanders (Democratas)

Na extenuante e incerta maratona das primárias presidenciais americanas, o investimento no tom negativo parece inesgotável. A agresssividade pessoal e os insultos têm sido bem mais marcantes no campo de batalha republicano, especiamente no duelo entre o bilionário bufão Donald Trump e o senador texano Ted Cruz. Neste momento nada garante que o perdedor na corrida, que tem Trump como favorito, irá endossar o vitorioso.

Mas agora também no campo de batalha democrata, os ânimos estão mais exaltados, embora nada que se compare a um espetáculo encenado por Trump, um magnata do reality show. A franca favorita Hillary Clinton está cada vez mais exasperada e expressa irritação com a presença do senador Bernie Sanders na corrida.

Sanders acumulou vitórias nas últimas semanas, o que descarta a ideia de que abandone tão cedo a corrida, embora sua chance de vencer seja quase impossível. E assim os ânimos esquentaram nos comícios e nas entrevistas à imprensa de Hillary Clinton e de Bernie Sanders.

Hillary bate na tecla sobre o radicalismo de esquerda de Bernie Sanders, que de fato é um papai Noel, prometendo mundos e fundos para os americanos. Hillary martela que as propostas generosas do rival em saúde e educação jamais passarão no Congresso de maioria republicana.

Mais do que isto, importantes executivos se juntaram à campanha da ex-primeira-dama para denunciar a agenda anticorporativa do senador, que se mostra capaz de mobilizar a juventude com seu discurso alvejando as elites.

Sanders dá o troco e esta semana questionou as qualificações de Hillary para ser presidente, dizendo que ela está no bolso de Wall Street e tomou decisões erradas como apoiar a invasão do Iraque em 2003.

E o ritmo de bate-boca só deve aumentar nos próximos días, pois vem aí a primária de Nova York, dia 19. Será um frenesi para a imprensa e alguns dos candidatos estarão realmente em casa. Trump nasceu na cidade e é personagem há décadas dos tabloides. Sanders tambem é daqui, embora viva ha muito tempo no estado de Vermont. Nunca, porém, perdeu seu sotaque carregado do bairro do Brooklin. E Hillary vive num subúrbio de Nova York e foi senadora pelo Estado

Existem limites para a familiaridade. Trump so se desloca no seu avião, enquanto Hillary e Bernie não estão acostumados a pegar metrô. A ex-primeira-dama se atrapalhou para passar o cartão magnético na catraca, enquanto Bernie nem sabia que desde 2003 não dá mais para pagar com ficha.

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