A asquerosa fala do corruptor e a lição da Lava Jato
A lógica da ação corruptora da Odebrecht fica escancarada em delações como a do executivo da companhia Luiz Eduardo da Rocha Soares. Aspas para ele:
“Não gostávamos de fazer muitos pagamentos lícitos, porque chamava muito a atenção.”
É de fazer o queixo cair e nunca mais encontrar o rumo do rosto.
O que está dito na fala asquerosa do corruptor? Que a Odebrecht se sentia mais segura, mais protegida, operando por fora; que, segundo se avaliava, a empresa chamaria menos a atenção praticando crimes – corrompendo sem dó – do que doando legalmente, sob os limites da legislação.
É das mais explícitas manifestações de fé na impunidade já aparecidas no Brasil. Só não causa mais embrulho do que o tom malandreado com que a média dessas delações é feita. Mais uma vez, ressalte-se o tom debochado – quase feliz – do delator. O cara mal consegue se conter… Está em festa. Ele dá a sua importante colaboração para dinamitar o sistema político brasileiro e logo estará absolutamente livre para desfrutar do acordo que firmou. E é certo que pobre não ficará.
Temos aprendido muito com a Operação Lava-Jato nos últimos dias. Uma das lições é de que delatar foi ótimo negócio para os delatores, sobretudo àqueles que abriram o bico primeiro. Vejam o caso do tal Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, o mais longevo no cargo, partícipe graúdo do baquete que descarnou a Petrobras. Perguntem se ele está infeliz.
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