Astra Oil queria recomprar 50% da refinaria de Pasadena, mas Petrobras negou

  • Por Jovem Pan
  • 22/04/2014 10h38
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Reinaldo, quer dizer que a Astra Oil, que vendeu a refinaria de Pasadena para a Petrobras, queria recomprar os 50% em 2007 e a empresa brasileira se negou a vender?

Pois é, é o que informa uma reportagem da Folha nesta terça. Isso significa o seguinte: a direção da Petrobras perseguiu aquele prejuízo bilionário com determinação, com energia, com afinco. Ser muito incompetente também é difícil.

Só para lembrar. Em 2006 a Petrobras comprou 50% da refinaria por 360 milhões de dólares, incluindo estoques de petróleo. Em 2007, em razão de divergências entre os sócios, a Astra Oil, por exemplo, acusava a Petrobras de ser gastona, de ser perdulária. A empresa belga falou com o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e propôs recomprar de volta aquela metade, desfazendo negócio. Os dois grupos divergiam também sobre o futuro da refinaria.

Gabrielli não quis nem saber, recusou a proposta. Com é que se sabe disso agora? A Folha teve acesso a depoimentos de diretores da empresa belga á Comissão Americana de Arbitragem, que acabou impondo à empresa brasileira a compra da outra metade da refinaria.

Atenção, segundo os diretores da Astra, a proposta foi feita a Gabrielliu duas vezes, em Agosto e em Setembro de 2007. O então presidente da Petrobras respondeu que se faria o contrário, a Petrobras é que ofereceria uma proposta de compra. E o resto vocês já sabem.

O mais escandaloso nesse troço todo é outra coisa. Se a compra de Pasadena foi submetida sim ao conselho, sem as duas cláusulas que geraram polêmica, a proposta de venda, no entanto, foi omitida. Vale dizer, quando os conselheiros foram convidados a avaliar a compra também da segunda metade, o que eles acabaram recusando, não sabiam que o grupo belga se oferecera para desfazer o negócio.

Parece que Gabrielli e o grupo de diretores comandavam a empresa num regime de monarquia absolutista. Não só foram omitidas as duas cláusulas, a Put Option, que impunha a compra dos outros 50% da refinaria em caso de desentendimento entre os sócios, e a Marlim, que garantia aos belgas uma rentabilidade de 6,9% ao ano, como também a proposta feita de recompra não foi passada aos conselheiros.

Sabe o que isso significa na prática? Que a direção da Petrobras manipulava o conselho para coonestar as suas escolhas sem lhe dar condições adequadas de decidir. “Ah, então a Dilma sai bonita dessa história, né Reinaldo? Foi enganada mesmo”. Uma ova, não sai bonita não. A questão, insisto nisso, desde o primeiro dia, é saber o que ela fez quando ficou evidente o mal negócio. Que se saiba nada.

E ainda presenteou Nestor Cerveró, que ela acusou de ser responsável pelas omissões, com um cargo de diretor na BR Distribuidora. De resto, jogar a culpa toda nas costas desse ex-diretor é fácil.

Porque Dilma se cala sobre o petista graúdo, José Sérgio Gabrielli? De verdade? Quem escondeu os fatos do conselho foi ele, o mesmo Gabrielli que acusou Dilma em entrevista ao Estadão, de tentar se livrar das suas responsabilidades.

Agora está claro, a Petrobras poderia ter se livrado de um espeto de quase 1,3 bilhão de dólares. Mas Gabrielli não quis nem saber, atuou para conquistar essa marca, e ainda sai por aí expelindo regras.

 

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