Ataque ao coração do Ocidente deve alterar jogo geopolítico por anos a fio
Houve correria no local após falarem que houve tiroteio
Milhares de pessoas se reúnem na "Place de la Republique"Podemos até medir o horror. Foram 30 minutos de terror nas ruas de Paris na noite de sexta-feira passada, 13 de novembro. Aqueles minutos horrorosos terão desdobramentos na política internacional que devem persistir anos a fio.
No tabuleiro geopolítico, o grande foco do Ocidente nos últimos tempos tinha sido a crescente ameaça russa. No caso especifíco do governo Obama, o foco era o esforço para se distanciar do Oriente Médio e se concentrar no Pacífico, em especial para lidar com o desafio chinês.
O terror islâmico obviamente era visto como um amargo desafío, mas controlável, enquanto a maior ameaça era considerada a desenvoltura russa a partir de sua agressão na Ucrânia. No entanto, os ataques do movimento Estado Islâmico em Paris, coração da civilização ocidental, alteram o jogo geopolítico.
Até agora, o Ocidente queria distância da Rússia. Vladimir Putin passou a incomodar ainda mais o Ocidente com sua intervenção na Síria para garantir a sobrevida da ditadura de Bashar Assad, que combate tanto o Estado Islâmico, como grupos rebeldes apoiados pelo Ocidente e países árabes.
Mas agora é urgência global para combater o inimigo comum de boa parte da humanidade, o Estado Islâmico. De adversário, Putin passa a ser desajeitado parceiro de Obama e líderes europeus.
É uma vaga reedição da Segunda Guerra Mundial, com Putin no papel de Stálin e o Estado Islâmico no dos nazistas. Obviamente, o Estado Islâmico não representa a mesma ameaça existencial que os nazistas de Hitler representavam, mas a analogia procede.
Os sinais estão aí de que o Ocidente está disposto a engolir Bashar Assad, um ditador especialmente atroz, diante da urgência de combater as atrocidades do Estado Islâmico. O foco é a Síria, base de operações do Estado Islâmico.
Ali deverão ser intensificados os esforços militares e diplomáticos ocidentais. No entanto, nao existe apetite, em particular na Washington de Barack Obama, para colocar tropas na Síria. Assim, as comparações entre o 13 de novembro e o 11 de setembro de 2001, feitas inclusive por mim aqui na Jovem Pan, têm limites.
O governo americano se mostra disposto a compartilhar mais dados de inteligência com aliados, intensificar os bombardeios aéreos contra posições do Estado Islåmico e despachar mais forças especiais, mas nada de guerra ao estilo do Afeganistão e Iraque.
Em comum com o 11 de setembro nos Estados Unidos, deveremos ver na Europa iniciativas para cercear as liberdades civis em nome da luta contra o terror. Isto já estava acontecendo, mas haverá um esforço redobrado. Nada disso deve impedir uma previsão fatalista. Já tivemos o 11 de setembro, o 13 de novembro e outras datas atrozes que para sempre serão associadas ao terrorismo. Teremos mais.
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