Ataque à Charlie Hebdo é um ataque a tolerância

Pergunta: Nêumanne, que lições têm essa caçada e a repetição de atos terroristas em Paris depois da execução do massacre na redação do Charlie Hebdo?

Resposta: Quando a Al Qaeda de Bin Laden jogou aviões contra as torres gêmeas em Nova York, George Bush praticamente salvou o governo condenado ao impeachment mundo […] unindo o país contra a guerra ao terror.

13 anos depois, estamos diante de um desafio maior do que aquele que foi o massacre na redação do semanário de humor irreverente, o Charlie Hebdo. Paris é a capital mundial dos direitos humanos, Paris é o cenário da revolução burguesa que consagrou a trilogia, liberdade, igualdade, fraternidade.

Paris agora é a demonstração de que o Estado Democrático de Direito em pleno século 21 não está devidamente equipado para enfrentar o seu maior desafio, não é mais o comunismo, o chinês, o cubano. Agora é o terrorismo.

O ataque ao Charlie Hebdo foi também um ataque a tolerância. É uma espécie de parto do ovo da semente da intolerância total, e a Polícia francesa tem dado ao mundo demonstrações de incompetência verdadeiramente assustadoras. Dois sujeitos armados até os dentes entraram na redação do Charlie Hebdo que já foi há pouco tempo vítima de um atentado e que não era devidamente guardado, nem vigiada.

Eles erraram o andar, foram ao andar certo, massacraram a redação, saíram pra rua, enfrentaram e mataram um policial, pegaram um carro, trocaram de carro e a Polícia não conseguiu deter sua ação pelas ruas da cidade […], simplesmente porque não está preparada pra isso, como é que pode um carro com dois sujeitos armados dentro percorrer Paris inteira sem que exista um helicóptero pra segui-lo, sem que haja uma vigilância até de guarda de quarteirão que possa seguí-lo.

A caçada em torno desses assassinos é uma aventura da Polícia tal como nós […] no Estado Democrático de Direito. Eu […] da ideia que está no editorial principal do Estado de S. Paulo, um artigo de Ricardo Noblat em seu site de que só se combate o terror com eficácia com liberdade, com uso pleno dos direitos que o cidadão tem garantidos pelas ordens constitucionais. Mas é preciso ter um orgão repressor que usa o direito de repressão da democracia competente, técnico, treinado capaz de enfrentar não exércitos, mas dois sujeitos isolados.

Um dos grandes desafios do mundo todo e do Brasil também é ter um […] policial eficiente e um aparelho judicial competente para punir e executar as punições deste tipo de criminoso que pode até nos surpreender, mas não pode depois de surpreender escapar […] e continuar disseminando a violência e intolerância.