Aumento dos juros mostra maior compromisso do BC contra a inflação
Como já se esperava, o Copom, Comitê do Banco Central, resolveu ampliar o ajuste dos juros. A taxa básica – a Selic – subiu 0,5 p.p. para 11,75% ao ano – maior nível em três anos.
O aumento-surpresa pós segundo turno das eleições e esse aumento maior agora são a indicação de que, de fato, o Banco Central está assumindo um compromisso maior com o controle da inflação. Até porque a inflação sinalizada para 2015 não é das melhores. Será um ano de correção de preços administrados, ainda deve haver uma boa resistência nos aumentos de preços e salários, decorrente de vários anos seguidos de inflação alta, e o dólar tende a subir mais pelas condições da economia e as mudanças do cenário internacional. Por tudo isso a projeção, por enquanto, é de uma inflação, em 2015, até um pouco mais alta que a deste ano.
O compromisso com o centro da meta, com a queda da inflação para algo mais próximo dos 4,5%, o centro da meta. não é para 2015. Isso teria um custo muito grande para o País em termos de desempenho da economia. O que se espera é que o governo prepare o terreno para um cenário mais benigno, que conduza a inflação para este patamar em 2016.
Outros fatores devem reforçar a política monetária, especialmente o ajuste proposto nas contas públicas e, em alguma medida, a desaceleração da atividade econômica, que ainda pode bater com mais intensidade no mercado de trabalho.O controle da inflação não depende só do Banco Central. Só que a passividade dele ajudou muito a jogar a inflação no nível atual.
Por tudo que eu citei, a sinalização para o próximo ano não é confortável. O governo precisa reduzir gastos e até investimentos para cumprir a meta fiscal, vamos ter de conviver com juros mais altos, crescimento ainda fraco da economia e até a piora do emprego. Mas é o que eu tenho dito: deixaram a doença avançar muito, sem a medicação correta. Agora, o tratamento é mais doloroso.
Só que, quando mais rápida for a aplicação desse tratamento, mais rápido podemos ter resultados. É possível que no segundo semestre de 2015 a economia já comece a respirar melhor. É essa estratégia, dolorosa em vários sentidos, ou o risco de uma deterioração ainda mais séria do quadro econômico.
Pra quem acha um exagero, dá uma olhada no que vem acontecendo com a vizinha Argentina.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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