Batalhas cruciais pelo mundo
Batalhas cruciais estão sendo travadas na região do mundo que eu defino como Siraque, a terra selvagem controlada pelos terroristas do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. O grupo alucinado está sob ataque nas últimas três grandes cidades que controla na região: Fallujah e Mosul, no Iraque, e Raqqa, “sua capital”, na Síria.
Um veterano correspondente no Oriente Médio, Patrick Cockburn, que, nesta quinta-feira (1), escreve no jornal britânico The Independent, estima que o Estado Islâmico provavelmente irá perder estas batalhas, pois sua fanática infantaria levemente armada em posições fixas não é páreo para ataques aéreos instruídos por forças especiais no solo. A opção para o grupo extremista está entre recuar, revertendo para a guerra de guerrilhas, ou sofrer derrotas ainda mais devastadoras.
Existe método na loucura. Funcionou por um bom tempo para o Estado Islâmico e isto incluía ataques suicidas. Hoje, no entanto, os exércitos e milícias na Siria e Iraque estão mais bem preparados para eliminar ataques suicidas, impedindo que se aproximem do alvo.
Na semana passada, no Iraque, seis atacantes suicidas morreram na investida e deixaram apenas um miliciano curdo ferido. Tal qual os pilotos kamikazes do Japão, que atacavam navios americanos e britânicos em 1944/45, existe menos eficácia na tática contra uma defesa mais bem preparada.
Guerrilheiros curdos, por exemplo, que avançam para Mosul, estão acompanhados de escavadeiras que cavam trincheiras à frente de suas tropas para impedir que sejam atingidas com veículos cheios de explosivos. Infelizmente, os ataques suicidas ainda são bem bem sucedidos contra civis.
Obviamente, eliminar o Estado Islâmico, que sempre rende manchetes sensacionais, é parte do problema. Tudo depende de quem sai vencedor. Se as milícias xiitas se saem bem no Iraque, será um triunfo para seus patronos iranianos. A mesma coisa com milícias curdas da Síria e Iraque. O seu sucesso torna ainda mais improvável que os dois países reconfigurem uma identidade nacional.
E, no caso sírio, um provável sucessor para o Estado Islâmico será a Frente Nusra, afiliada à rede Al-Qaeda, que ganha popularidade entre os sunitas e tenta se apresentar como uma “alternativa menos maníaca”. Que consolo!
Suicídio analítico, porém, seria assinar o estado de óbito do EI, que vai se colocar no seu devido lugar, sem a grandeza propagandística de ser um Estado, mas ainda com a atroz efetividade de um movimento terrorista.
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