À beira do precipício, Venezuela vive em estado de agonia
Neste boletim de sábado vou fazer uma salada geopolítica e falar de duas regiões do mundo, cada uma vivendo suas fragilidades e desafios. Vamos começar mais perto do Brasil. Falar em fragilidade é falar em Venezuela, depois é a vez da Europa. A Venezuela vive em um estado de agonia, à beira do precipício, na verdade, caindo de forma vertiginosa.
Desde sexta-feira, Nicolás Maduro, que desgoverna a Venezuela depois da morte do seu mentor delirante Hugo Chávez há três anos, aprontou mais uma e das mais perigosas. Diante de não específicas ameaças externas, estão em curso manobras que incluem não apenas as Forças Armadas, mas as milícias chavistas. Seria de rir, caso a situação não fosse trágica.
A piada em Caracas é que Maduro é tão pateta que, mesmo quando trava guerras imaginárias, ele é capaz de perdê-las. Ao contrário do mentor Hugo Chávez, que era militar, Maduro começou na vida como motorista de ônibus.
Maduro inventa inimigos, mas existem todos os motivos para maus presságios com a escalada da crise. Uma medida fulminante: a Venezuela amarga a mais profunda recessão hoje no mundo e Maduro impôs o estado de emergência em meio à espiral de repressão para abafar a mobilização da oposição pela realização de um referendo revogatório.
Maduro também ameaça com um negócio que se chama ” estado de comoção interna”, equivalente à lei marcial. O líder da oposição Henrique Capriles fez um apelo para os militares escolherem a Constituição e a mudança, abandonando Maduro.
Pedido ingrato. O comando militar fatura com o atual regime, num país que, conforme a organização Transparência Internacional, é o nono mais corrupto do mundo.
Agora vamos para a Europa. Paralelamente ao fenômeno Donald Trump nos Estados Unidos, um crescente número de europeus são seduzidos por demagogos populistas que pregam linha mais dura com imigrantes, hostilidade a muçulmanos e protecionismo comercial. São populistas enamorados de Vladimir Putin, favoráveis ao fim da União Europeia e inimigos da globalização.
Neste domingo, Norbert Chofer, um extremista de direita, pode vencer as eleições presidenciais na Austria. O cargo é cerimonial, mas mostra para onde vão os ventos. Os pesadelos do nazismo e comunismo desvanecem e amplos setores da sociedade na Europa acham natural o nacionalismo xenofóbico e o ceticismo sobre a democracia ocidental.
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