Boulos aproveita a abertura da direita inteligente como uma porta e comanda ato contra a anistia fantasma!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 28/11/2016 09h51
SP - PROTESTO PEC 55/PAULISTA - GERAL - Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST e da Frente de Resistência Urbana, participa do protesto na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), na tarde deste domingo (27), contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que começou a ser debatida no Senado no dia 17 de novembro e deve ser votada no dia 29. O protesto foi organizado pela frente de mobilização Povo Sem Medo, que reúne mais de 30 movimentos sociais, dentre eles o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). 27/11/2016 - Foto: ROGéRIO DE SANTIS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO ROGéRIO DE SANTIS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO AE Guilherme Boulos

Pois é… O Ministério Público Federal pautou a direita inteligente como uma porta, e esta comprou a tese de que estaria em curso uma perigosa operação para anistiar “os políticos”. E, assim, inventou-se esta categoria detestável, que, como sabemos, foi justamente banida por todas as ditaduras virtuosas do mundo: “os políticos”. Do tirano de Siracusa a Nicolás Maduro, passando por figuras um tanto mais robustas, todos eles consideravam detestáveis os “políticos”. O lugar dessa gente, em princípio, é a cadeia. E aqueles que não merecerem esse destino que tratem de provar a sua inocência. Ou por outra: com políticos, a única presunção aceitável é a de culpa.

É assim que se faz um país justo, certo?

Assim se fez a China. Assim se fez na União Soviética. Assim se fez em Cuba, do companheiro Fidel (choremos todos, junto com os jornalistas!). Assim se fez na Coreia do Norte. Assim se faz na Arábia Saudita. Políticos pra quê? Pra enfiar a mão no nosso bolso?

Afinal, como disse Ana Júlia, aquela jovem militante petista, “se a escola é nossa, a gente pode ocupar”. Ocupar, no caso, quer dizer “invadir”. E, se o Brasil é nosso, ora bolas, podemos também pedir a prisão dos “políticos”. De todos. De todos os partidos. Somos o povo. Não é porque Mussolini pensasse assim que isso está errado. Não é porque Mao Tsé-tung pensasse assim que isso está errado.

Fora Temer!

Certamente, o PT tem a sua contribuição a dar à moralidade, né?

Certamente, o PSOL tem sua contribuição a dar à moralidade, né?

Certamente, o MTST tem a contribuição a dar à moralidade.

E também a Frente Povo Sem Medo.

Bem, dizer o quê? Alguns malucos até tentaram a anistia. Sempre foi uma impossibilidade jurídica. Basta ouvir quem entende do assunto. Mas a extrema esquerda aproveitou para surfar na onda da direita inteligente como uma porta.

Neste domingo, Guilherme Boulos liderou um protesto contra a anistia ao caixa dois (aquela que nunca existiu) e contra a PEC dos gastos. E os esquerdistas gritaram “Fora Temer”, como, parece, ensaiam ou ensaiavam fazer alguns “legalistas do impeachment” no próximo dia 4 de dezembro. Li declarações assombrosas.

O MTST diz ter reunido 40 mil pessoas. É claro que não! Nem a pau, Juvenal! Mas sabem como é… A turma está vendendo seu peixe. Mandaram-me links neste domingo de páginas de esquerda. Pedem o engajamento da turma no dia 4, naquela manifestação que, até onde sei, tinha sido marcada para protestar contra a anistia — a inexististe. Agora, além de inexistente, ela também é impossível, dada a entrevista de Michel Temer, Rodrigo Maia e Renan Calheiros. Não sei se ainda haverá protesto. Será preciso arrumar uma causa nova.  Os esquerdistas não encontrarão nenhuma dificuldade.

Leio na Folha:
“O início do protesto teve show do cantor Chico César. Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), e Carina Vitral, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), fizeram discursos contra Michel Temer, a proposta de anistia ao caixa dois, a PEC do teto e a reforma do ensino médio.”

Cansei de ouvir algumas análises canhestras, segundo as quais a direita pegou carona nos protestos de 2013 liderados pelas esquerdas — afinal, de fato, elas estavam no comando… Vai ver é chegada a hora, agora, de fazer o contrário, né? Gentilmente, a direita inteligente como uma porta se abre para a esquerda. Será um momento lindo!

Assim, quando um representante do PSOL do PCdoB ou do PT tomar a palavra, é bom que a gente saiba: ali está alguém que fala em nome de um Brasil melhor. Aquele, sabem?, que eles vinham fazendo…

Pelo visto, a gente ainda tem muito a aprender com a direita inteligente como uma porta.

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