Brasil é visto no exterior como versão real, nua e crua de House of Cards

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 04/04/2016 10h28
Michel Temer é desatque no Ny times

Com sua política venal, cínica e maquiavélica, o Brasil é comumente descrito no país e no exterior como uma versão real, nua e crua do seriado House of Cards, da Netflix. E os personagens vão surgindo na imprensa internacional. Nenhuma surpresa que é hora e a vez de Michel Temer ganhar espaço.

Os perfis do vice-presidente são cada vez mais frequentes e obviamente nunca falta a alcunha de o mordomo para Temer. No domingo, o jornal britânico The Guardian, de esquerda, tinha o perfil de Temer com muito destaque no seu site e o título era forte: O homem que pode consertar o Brasil. País tem esperança no seu vice-presidente.

O Guardian explica que com o impeachment da presidente Dilma Rousseff no horizonte e o futuro do Brasil muito nebuloso, um quieto advogado está bem posicionado para assumir o poder.

No quadro traçado pelo jornal, na medida em que o Congresso está cada vez mais perto de desferir o impeachment, existe fúria nas ruas e existe também esperança nos mercados de que Temer, o fazedor de reis, em breve assuma diretamente o trono. Claro que nós sabemos que o caminho para Temer é um pouco mais tortuoso, seu perfil mais sinuoso e sua taxa de aprovação entre os brasileiros é patética. Relativamente incólume nos escândalos de corrupção, pelo menos até agora, o Guardian observa que Temer não pode ser definido como uma vassoura limpa.

De qualquer forma, para o jornal, estamos no seguinte ponto: para aqueles desesperados por mudança, Temer representa esperança. Outros, mais preocupados com o que consideram uma frágil democracia, acreditam que ele seja o perpetrador de um golpe. Ninguém, porém, duvida do poder de Temer.

A reportagem do Guardian coloca a pimenta, dizendo que existe o contraste entre o quieto advogado constituicional de 75 anos, com o cabelo grisalho bem penteado, e sua mulher Marcela, 40 anos mais jovem e bonitona. Marcela ofuscava Michel, mas agora ele se movimenta para o centro da cena.

O descendente de imigrantes libaneses é definido pelo Guardian como metódico e organizado e dirigentes do PMDB não identificados dizeem que o momento do racha com o lulopetismo se deve muito ao desastre econômico inflingido ao país pelo governo Dilma. Não é à toa que as propostas de Temer por austeridade fiscal e privatizações animem os mercados e setores mais conservadores. Mas, muita gente no Brasil simplesmente quer estabilidade. A reportagem cita o cientista político Carlos Pereira, para o qual existem amplo apoi para um governo de transicao sob Temer, uma especie de governo de salvação nacional.

E de fato, sem isto sem termos imediatos, será o salve-se quem puder.

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