Brasil tem imagem arranhada no exterior no primeiro semestre

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 17/09/2016 10h00
EFE/Fernando Bizerra Jr. Michel Temer e Dilma Rousseff - EFE

O presidente Michael Temer está chegando neste domingo a Nova York para participar da assembleia geral da ONU. Temer quer “reposicionar” a imagem do Brasil, no jargão do Itamaraty, depois da era lulopetista. Boa sorte, mas ao menos a imagem do Brasil no exterior não pode piorar neste segundo semestre. E sabem por quê? Foi terrível no primeiro semestre.

Eu sempre bato ponto nos relatórios da empresa Imagem Corporativa, um raio-x de como a imprensa e os analistas estrangeiros examinam o Brasil. E este relatório sobre o período de janeiro a junho tem o título ilustrativo de Terra em Transe, com o impeachment de Dilma Rousseff praticamente monopolizando as atenções externas em relação ao Brasil.

Sim, era terra em transe com as votações no Congresso sobre o impeachment, os desafios do então governo interino de Michael Temer e as tempestades da Operação Lava-Jato. Pouco? Havia também o sentimento pessimista sobre a economia e a ansiedade se o Rio daria conta dos Jogos Olímpicos, com os temores de violência urbana, terrorismo e zika.

E então quais foram os números na terra em transe? O pessoal da empresa Imagem Corporativa se debruçou sobre 1990 reportagens publicadas em 13 veículos da imprensa estrangeira. E atenção para o número: apenas 16% das reportagem foram positivas, levando o percentual de histórias negativas à cifra sem precedentes de 84%.

Foi o pior desempenho desde que a Imagem Corporativa começou a fazer este tipo de relatório em 2009. Na revista alemã Der Spiegel e no jornal canadense Toronto Star, foram 100% de textos negativos.

Bem, falem mal, mas falem bastante. Em números totais, houve um aumento de 95% no volume de reportagens publicadas sobre o Brasil no período de janeiro a junho de 2016 em relação ao mesmo período em 2015. Politíca foi a campeã disparada nas reportagens, mais da metade. Em seguida, economia e questões socioambientais. E o campeão de reportagens? O jornal argentino La Nación, com 552 textos, dos quais 464 negativos.

Ah sim, entre os 13 jornais e revistas das Américas, Europa e Ásia estão New York Times, Financial Times, Economist e El País. São, aliás, algumas das minhas leituras sagradas sobre o Brasil. É uma pena que da lista não constem sites globais como CNN e BBC.

Para dar uma ideia, aqui vai um rápido conteúdo no Financial Times em 12 de abril: “Os políticos mortos-vivos de Brasília ameaçam transformar o país que já foi um dos casos mais vibrantes de crescimento no mundo na economia zumbi dos emergentes”.

Falando em mortos-vivos, com Dilma fora, com Cunha fora, eu vou realmente entrar em transe se a imagem do Brasil aqui fora não for mais positiva no balanço do segundo semestre.

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