Brasil: um País complicado para principiantes e profissionais

  • Por Caio Blinder
  • 01/09/2016 09h20
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Presidente Michel Temer durante sua posse no Senado Federal. (Brasília - DF, 31/08/2016) Foto: Marcos Corrêa/PR Marcos Corrêa/PR Após impeachment de Dilma

 Existem motivos para celebrações, mas também para melancolia e cinismo com o impeachment de Dilma Rousseff.  Ufa, ela deixou de vez o poder, mas não foi completamente enxotada da vida pública. Sobrou a frase de sempre: o Brasil não é para principiantes, é para estes profissionais, estes canalheiros, estes livrandowskis.

Os partidários da ex-presidente bradavam que tudo não passava de um golpe. De certa forma, o brado tem um fundo de verdade. Houve golpe na votação de quarta-feira. Como votar pelo impeachment e também pela preservação da habilitação para a ex, contra a cassação dos seus direitos políticos? Brasil é uma pizza fatiada.

E não é fácil traduzir a receita da pizza para estrangeiros. O foco como era de esperar nas manchetes internacionais sobre o desfecho foi o impeachment, com muito menos atenção devotada à preservação dos direitos políticos de Dilma e o que isto representa para os políticos que participaram da chicana.

Basta ver que o atento Financial Times destacou a decisão histórica que culminou no fim do poder petista no Palácio do Planalto após quase 14 anos. O jornal também tomou nota dos fogos de artifício na celebração em São Paulo.

Existe, obviamente, especialmente nos principais jornais econômicos do mundo, dúvidas sobre a capacidade de Michael Temer para implementar ambiciosas reformas e remover vigorosamente o país do buraco.

E, nos meus boletins aqui na Jovem Pan, é inevitável que eu cite as avaliações da consultoria de risco Eurasia, uma referência no exterior. Como alerta João Augusto de Castro Neves, seu diretor de América Latina, o impeachment não irá solucionar “meses de turbulência política e econômica”.

Ele descreve um cenário de “tempestade perfeita” para o Brasil: economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político.

Eu disse no começo do boletim que para lidar com o Brasil é preciso de uma dose de cinismo. Cientistas políticos citados pelo Financial Times e pelo Wall Street Journal observaram que a história do Brasil, na ditadura ou na democracia, é escrita com turbulências e muitos conchavos. Esta aí um País complicado para principiantes e para profissionais.

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