Que coisa!
O Ministério Público Federal informa que já conseguiu recuperar R$ 270 milhões da roubalheira praticada por Sérgio Cabral, ex-governador do Rio. Parte disso está em barras de ouro e diamantes. E a força-tarefa está certa de que ainda não encontrou todo o tesouro da caverna. Que coisa espantosa!
Bem, o arquivo do meu blog revela o que penso sobre este senhor. Sempre o considerei um oportunista vulgar e um falastrão inconsequente. Mas daí a imaginar que pudesse se dedicar ao assalto aos cofres públicos com a sanha que ora se verifica? Bem, vamos ser claros: ninguém se espanta ao saber que Cabral se meteu em sujeira. Mas todos se surpreendem com a magnitude do esquema criminoso.
Atenção! O MP diz ter recuperado, até agora, a fábula de R$ 270 milhões. E está certa de que isso é apenas parte do que o valente conseguiu amealhar. A ser como diz o MPF, o Rio não tinha um governador na cadeira do chefe do Poder Executivo, mas um gatuno.
Não! Não foi apenas a corrupção que levou o Estado do Rio à falência. Mas certamente não seria com tipos como Cabral que se enfrentaria a contento um momento difícil. O resultado está aí, aos olhos de todos.
E não pensem que a carreira de milionário de Cabral começou só depois de ter assumido o governo do Rio (de 2007 a abril de 2014). Não! Entre 2002 e 2007, informa o MP, ele enviou a bagatela de US$ 6 milhões ao exterior. O que ele fez nesse período? Ah, foi Presidente da Assembleia Legislativa do Rio e senador da República. Como se nota, o homem sabe fazer com que um cargo público renda dinheiro.
Para o Ministério Público Federal, Eike Batista foi um dos grandes ocultadores da sujeira que Cabral fazia.
O ex-governador do Rio surpreende até aqueles que o investigam e esperam dele o pior. A força-tarefa apostava num desvio da ordem de R$ 224 milhões. Como se vê, o que já foi recuperado supera esse montante. Agora os investigadores apostam num novo teto para a sem-vergonhice de Cabral: US$ 100 milhões — ou R$ 340 milhões.
Ele nunca foi um homem modesto e de ambições pequenas.
Quem tem boa memória sabe: o homem chegou a ser cotado para vice de Dilma em 2014, e se falava nele, nessa perspectiva, como um futuro presidenciável.
Propina e caixa dois
É claro que caixa dois e propina são igualmente condenáveis. Mas é certo que não são a mesma coisa, embora a segunda costume ser feita com dinheiro da primeira.
O que acho notável em Cabral é que nem mesmo se percebe nele a centelha de alguma convicção inclinada para o bem comum ou partidário. Estava disposto a se tornar um milionário. E atuou com determinação.
Sim, há gente que se enrolou na Lava-Jato em razão do dinheiro de campanha que não foi declarado, mas que não roubou um alfinete para si mesma. E há Sérgio Cabral.
Ele criou a sua própria estrutura criminosa, da qual era comandante máximo. As circunstâncias vividas pelo Rio — Copa do Mundo e Olimpíada — lhe deram a oportunidade de ouro de delinquir.
E ele não se fez de rogado.
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