A Califórnia de tantas reinvenções tem que enfrentar seca que pode durar 30 anos

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 06/04/2015 12h13

Bombeiros tentam apagar incêndio em Hesperia EFE/Stuart Palley Bombeiros tentam apagar incêndio em Hesperia

Com seus campos, montanhas e a costa no Oceano Pacífico, a Califórnia se tornou a terra prometida há mais de um século. No entanto a terra secou, devido a uma combinação de alta temperatura e pouca chuva.

O resultado foi o anúncio histórico na semana passada do governador Jerry Brown, da primeira restrição compulsória de água do estado: 25%, o que afeta o modo de vida californiano, das casas com seus gramados, das piscinas, dos campos de golfe e do desperdício em toda parte.

É verdade que a Califórnia já teve sua cota de catástrofe, desafiando os profetas do apocalipse. Ela emergiu mais forte de terremotos, da crise energética e do colapso orçamentário. No entanto, o governador admitiu que regar a grama todo dia será uma coisa do passado.

Em projeções mais alarmistas, uma megaseca pode durar até 30 anos na Califórnia se as emissões de gases do efeito estufa não diminuírem. O Estado amarga o quarto ano de sua seca e o inverno, que terminou em março, foi o mais seco da história do Estado.

O governador Jerry Brown determinou que as 400 agências de água do Estado cortem seu fornecimento em 25%. Caso contrário, US$ 10 mil de multa por mês, e o custo pode ser passado para os moradores residenciais.

O anúncio criou uma divisão, pois residências são alvo, mas não os fazendeiros, que consomem 80% da água do estado, e tem plantações de arroz e de amêndoa que exigem uma quantidade prodigiosa de água.

A isenção não é uma surpresa, afinal, as atividades agrícolas são um setor de US$ 50 bilhões neste estado que, se fosse um País, seria a sétima economia do mundo, com seus 38 milhões de habitantes e 32 milhões de veículos. Não é à toa que nenhuma cidade dos Estados Unidos tem tanto lava-jato como Los Angeles, e não estamos falando de corrupção.

No entanto, o negócio é se ajustar nesse estado tão abençoado e amaldiçoado pela natureza. Algumas cidades já estão alternando sua paisagem, substituindo os gramados verdejantes, que consomem tanta água na manutenção, pelo perseverante cacto do deserto.

A Califórnia já se reinventou tantas vezes com a agricultura, a indústria aeroespacial, Hollywood e o Vale do Silício. Mais uma vez se questiona se o seu dinamismo movido ao desperdício corre contra os limites da natureza.

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