Campanha à Casa Branca promete ser a mais brutal da história

  • Por Caio Blinder
  • 23/05/2016 09h10
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Montagem sobre fotos/EFE Donald Trump e Hillary Clinton mantiveram suas vantagens e trocaram acusações sobre combate ao terrorismo

Eu insisto ser prematuro se excitar com pesquisas presidenciais americanas neste momento (a votação será em novembro), mas os números reforçam narrativas e são valiosos para as táticas dos marqueteiros, em uma campanha que promete ser a mais suja, brutal e a politicamente incorreta da história americana. Falando em politicamente incorreto, nos últimos dias, uma onda de pesquisas confirma a recuperacão de Donald Trump contra Hillary Clinton.

Assim, é emblemática a formulação no texto dominical do jornal The Washington Post sobre seus números levantados, conjuntamente, com a rede de televisão ABC: “Nunca na história da pesquisa Post-ABC News, os candidatos dos dois grandes partidos foram vistos de forma tão severa como Hillary Clinton e Donald Trump”.

Ambos são indesejáveis, aceitos pelos eleitores como um barreira para deter o triunfo do outro. É um duelo de negativos. Quase 6 em 10 eleitores registrados têm uma impressão desfavorável dos dois. A democrata Hillary e o republicano Trump estão empatados nos 57% (41% de impressão favorável para ela e 40% para ele). Trump, como era de se esperar, tem uma imensa vantagem entre homens e Hillary, entre mulheres.

Depois das tumultuadas e surpreendentes primárias, os eleitores se resignam a ambos, embora os republicanos estejam mais divididos se o presidenciável deles reflete os valores partidários. Nos dois partidos, porém, existe confiança de que haverá unificação na campanha.

Em termos imediatos, são boas as notícias para Trump, pois ele já fechou o negócio com republicanos, enquanto o senador Bernie Sanders ainda é uma pedra no sapato de Hillary na frente democrata. Entre os eleitores registrados, a vantagem do republicano está na margem de erro (46% a 44%), uma impressionante guinada de 11 pontos em relação a março na mesma pesquisa Post/ABC.

Isto prenuncia volatilidade nas pesquisas dos próximos meses, especialmente até Hillary formalizar sua vitória nas primárias democratas. Nos dados, a ex-senadora está na frente entre todos os adultos (não apenas entre os eleitores registrados), com vantagem de 6 pontos (48% a 42%). A diferença, em março último, era de 18 pontos.

O desempenho de Trump melhorou (e ele não se cansa de bravatear seu sucesso), mas Hillary tem um patrimônio mais valioso em atributos e temas, a destacar experiência, temperamento e personalidade para dirigir o país mais poderoso do mundo.

O forte de Trump é seu appeal. Entre cidadãos contrários ao establishment, o magnata passa a impressão de que trará mudanças em Washington. É o mesmo appeal da pedra no sapato Sanders. Outra boa notícia para Hillary é a modesta recuperação da imagem do presidente Obama, que promete ser um bom cabo eleitoral para sua legenda já em novembro próximo.

A pesquisa Post/ABC News conclui que Trump tem mais vulnerabilidades do que Hillary, mas a oposição à ex-primeira-dama pode estimular alguns eleitores com uma ambígua ou desfavorável impressão do bilionário republicano a lhe ofertar o voto.

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