Carvalho concorda que culpar a elite branca é um erro de diagnóstico

  • Por Jovem Pan
  • 23/06/2014 11h44
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Reinaldo, então você finalmente concorda com o ministro Gilberto Carvalho?

Não, ele que concorda comigo porque falei primeiro. Olá, internautas e amigos da Jovem Pan. Vou explicar.

Nunca tratei aqui Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, como o meu homem público predileto, como sabem. Já o critiquei bastante, o que também é notório. Mas há uma coisa sobre ele que eu nunca disse – porque não acho: que seja burro. Não é mesmo! Ao contrário. Eu o conheço faz tempo, desde quando ele era o braço-direito de Celso Daniel, em Santo André – ele me conhece também -, e sei que é muito inteligente, ainda que sua inteligência seja posta a favor de teses que abomino. Daí que esteja tentando consertar a burrada que alguns companheiros seus – inclusive os da imprensa – andaram fazendo quando afirmaram que os xingamentos e vaias a Dilma, no Itaquerão, são coisa da “elite branca de São Paulo”. Concorda, ora vejam, com Reinaldo Azevedo: ele acha que isso é mentira! Parabéns, ministro! Também acho. Mas ele aponta essa mentira por maus motivos, o que vou explicar daqui a pouco.

Em entrevista a Natuza Nery, na Folhadesta segunda, Carvalho repete o que dissera na quarta em entrevista aos blogueiros chapas-brancas, que fazem os chamados “blogs sujos”, financiados pelo governo federal e por estatais. Segundo ele, esse negócio de culpar a elite branca é “um erro de diagnóstico”. E, com acerto, afirma: “Quando você não tem um bom diagnóstico, não tem um bom remédio”. É o que escrevi na quinta neste blog e comentei, aqui mesmo na Jovem Pan.

Desolados com essa avaliação do chefão petista devem estar o tal José Trajano, da ESPN, e sua equipe de melancias às avessas da Disneylândia: vermelhos por fora e verdinhos por dentro. O comentador de futebol não só acha que as vaias decorreram da elite branca de São Paulo como afirmou, acreditem, que tanto a manifestação como os protestos de que a própria emissora foi alvo partem dos leitores de Reinaldo, eu mesmo, Demétrio Magnoli, Augusto Nunes e Diogo Mainardi.

Carvalho é mais do que um prosélito vulgar, desses que saem por aí puxando o saco do governo para ganhar seu rico dinheirinho. Ele é um articulador do poder. Se interessa a um governo a fama de amigo dos negros, dos índios, dos chamados “oprimidos”, não lhe interessa a de inimigo dos “brancos”. É preciso ser muito imbecil para cair nessa conversa – que, reitero, começou na imprensa, muito especialmente na ESPN.

“Ah, Reinaldo, então o ministro está, desta vez, com uma boa tese?” É claro que não! Na entrevista à Folha, a exemplo do que disse para os blogs sujos, ele insiste na existência de uma espécie de conspiração da mídia contra o governo e contra o PT, o que é mentira. Essa tese do complô está na raiz da iniciativa do partido de criar uma lista de negra de jornalistas. De resto, trata-se de uma bobagem autoevidente: afinal, o PT está no seu terceiro mandato e tem boas chances de emplacar o quarto, o que lhe daria 16 anos ininterruptos de poder. Das duas uma: ou esses supostos conspiradores são muito incompetentes, ou o governo sabe vencê-los com facilidade. Num caso ou noutro, então, não deveriam preocupar ninguém.

A verdade é que há milhões de pobres e remediados – brancos, pretos e pardos – descontentes com o governo por sua própria conta. Carvalho sabe disso. Só não o admite porque, entre as suas tarefas, está constranger a imprensa e jogá-la na defensiva para que o partido lucre com o seu esforço – o da imprensa – de provar que ele está errado. E quem não cai na sua conversa e não tenta provar que é inocente do crime que não cometeu vai parar numa lista negra.

 

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