Rachel Sheherazade: cerco está se fechando para os petroleiros; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 15/01/2015 11h51

O cerco está se fechando para os “petroleiros”. Depois das prisões de executivos que pagavam propina a partidos políticos em troca de contratos bilionários na estatal, chegou a vez da polícia bater à porta da diretoria da Petrobras. Ou, pelo menos, por enquanto da ex-diretoria.

Finalmente está atrás das grades, Nestor Cerveró, o responsável pelo relatório que recomendou a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, na época em que Dilma presidia o conselho de administração da Petrobras.

Depois de assinar a compra da refinaria que deu um prejuízo milionário aos cofres públicos, Dilma acusou o então diretor Nestor Cerveró de ter emitido um relatório falho que levou o Conselho a cometer o erro crasso de um negócio fadado ao fracasso.

Apesar de ter assinado o contrato da compra da refinaria praticamente sem ler, Dilma Rousseff se livrou (pelo menos por enquanto) da responsabilidade sobre o malfeito e a corda rompeu do lado de Cerveró.

Ele foi demitido da Petrobras, é réu em uma ação na Justiça federal, onde responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva e está no xadrez.

A defesa de Cerveró disse que a prisão preventiva do cliente foi descabida e as alegações do Ministério Público são “risíveis”. O advogado pode alegar o que quiser, para defender seu cliente, independente de culpa ou inocência, afinal está sendo pago para isso mesmo, aliás, segundo o próprio Cerveró, a defesa do ex-diretor é bancada – pasmem! – pela Petrobras, ou seja, com dinheiro público – meu e seu.

Mas o fato é que a prisão do ex-diretor foi muito bem fundamentada pela Justiça.

Os requisitos legais foram cumpridos. O Código de Processo Penal admite a prisão preventiva para  garantir a ordem pública e econômica, ou seja, impedir que o réu continue praticando crimes, evitar que ele atrapalhe o andamento do processo, destruindo provas ou ameaçando testemunhas, e, finalmente, para impossibilitar que o réu possa fugir .

O Ministério Público garante que há fortes indícios de que Nestor Cerveró continua a praticar crimes, ocultando bens e se aproveitando do fruto do seu crime no exterior. O ex-diretor também teria transferido dinheiro e imóveis para familiares, numa tentativa de escapar de futuras penalidades na esfera cível, como o pagamento de multas, indenizações e ressarcimento aos cofres públicos.

Recentemente, Nestor Cerveró transferiu três apartamentos, todos comprados com dinheiro de origem provavelmente ilícita. E como se não bastasse, os valores dos imóveis foram subfaturados. Cerveró declarou  ter vendido esses imóveis por R$ 560 mil, quando, na verdade os bens podem valer mais de R$7 milhões.

Quem também, coincidentemente,  transferiu bens imóveis para familiares foi a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, que também fazia parte do Conselho de Administração que assinou a compra de Pasadena.

Ano passado, Graça doou três imóveis para os filhos, no Rio de Janeiro.

Coincidentemente, as doações de Graça Foster foram feitas no olho do furacão, enquanto pegava fogo o escândalo da Petrobras, com as revelações bombásticas dos delatores do mega esquema de corrupção.

O que temia a dona Graça? Porque a pressa em passar seus imóveis para o nome de parentes?

Se Cerveró e Graça foram igualmente personagens ativos na compra de Pasadena (além de Dilma, é claro), se Cerveró e Graça igualmente transferiram seus bens para o nome de terceiros, porque um tratamento tão desigual entre os dois executivos?

Por que essa relação de dois pesos e duas medidas?

O advogado de Cerveró, Doutor Edson Ribeiro não deixou por menos e disparou:

“O Ministério Público está prevaricando. Graça Foster também deveria ter tido a prisão decretada.”

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