Chamado à batalha apocalíptica: EI espera retaliação e confronto final em Dabiq
É a barbárie suprema. São uns desgraçados, são uns lunáticos, são de outro planeta. De quem estou falando? Dos terroristas do Estado Islâmico. No entanto, espanto e indignação são insuficientes para tentar entender o que fazem, por que degolam pessoas inocentes, por que irrompem em uma cidade como Paris para matar de forma indiscriminada.
Ao reivindicar atentados terrorristas devastadores em Paris, em Beirute e com a derrubada do avião russo no Sinai, o Estado Islâmico parece adotar uma estratégia irracional. Enfurece o mundo e provoca potências militares, buscando levá-las para uma guerra total contra o autodeclarado califado do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. E franceses e russos já estão expandindo os ataques contra as posições do grupo terrorista.
Expandir o conflito pode parecer autodestrutivo para o grupo, mas é coerente com sua missão apocalíptica de atrair os infiéis para a Síria para a batalha final. Na narrativa delirante do Estado Islâmico, esta batalha final será em Dabiq, uma pequena cidade no nordeste da Síria, no confronto contra os chamados exércitos de Roma, ou seja, dos cruzados. Quanto mais violência, quanto mais guerra, maior é o reforço desta narrativa.
O Estado Islâmico está encharcado nesta visão apocalíptica. O tal do califado na região do mundo que eu denomino Siraque, mistura de Síria e Iraque, é apenas uma plataforma para o destino final. Os terroristas se apropriam das profecias de Maomé e uma das quais justamente prevê que o conflito final terá lugar em Dabiq.
A revista de propaganda do Estado Islâmico na Internet se chama, aliás, Dabiq. Cada edição traz uma citação profética sobre como o conflito irá se desdobrar.
A questão é que os chamados Exércitos de Roma não se mostram interessados em ir para a batalha de Dabiq, a destacar o de Barack Obama, para não repetir o fiasco da invasão do Iraque em 2003, que levou a uma longa e sangrenta ocupação. No entanto, as pressões crescem para algum tipo de intervenção mais vigorosa.
Na lógica do Estado Islâmico infelizmente mais será feito, portanto, para atrair os chamados infiéis para a batalha apocalíptica. A narrativa evidentemente é uma ferramenta de propaganda para recrutar mais e mais militantes, em um suprimento sem fim de terroristas suicidas, os chamados mártires.
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