Ciclofaixas de Haddad atendem às necessidades de menos de 1% dos paulistanos
Reinaldo, quer dizer que o Datafolha prova que as ciclofaixas de Haddad atendem às necessidades de menos de 1% dos paulistanos? Como assim?
Eu adoro uma boa briga, sobretudo quando ela vem recheada de falsas tecnicalidades para enganar trouxas. Vamos ver. O subjornalismo financiado por estatais e pelo petismo está fazendo escarcéu com a pesquisa Datafolha que aponta que 80% dos paulistanos são favoráveis às ciclofaixas. E, atendendo às ordens do prefeito, os puxa-sacos a soldo estão batendo em mim. Eles gritam, esperneiam e xingam. Eu respondo com números.
Já escrevi a respeito e reitero: perguntar se alguém é favorável às ciclofaixas é o mesmo que indagar se o indivíduo é a favor do bem. Favorável às ditas-cujas, eu já disse dezenas de vezes, eu também sou. A questão é saber como o programa está sendo implementado. Mas vamos os números do Datafolha.
Vamos entender os números?
Segundo o instituto, de cada 100 pessoas que responderam a pesquisa, só 3 usam a bicicleta como meio de transporte “com mais frequência”. Assim, as ciclofaixas atenderiam a uma demanda de 3% dos paulistanos que se deslocam. É quase um quarto dos que andam a pé: 11%! Digo “atenderiam” porque nem isso é verdade: parte desses 3% está em regiões onde não há ciclofaixas. Logo, elas suprem uma suposta necessidade de menos de 3%.
Infelizmente, o infográfico publicado pela Folha passa a impressão, a um leitor menos atento, de que o uso da bicicleta é muito maior do que é.
Dizem ter bicicleta apenas 32% dos entrevistados ― 68% não. Dos que têm, apenas 47% afirmam ter usado algumas vez as “ciclovias” Atenção ouvintes: 47% de 32% correspondem a 15,04%. Observem: apenas 3% informam usar a bicicleta como meio de transporte, mas 15,04% já teriam usado as faixas exclusivas. Logo, não foi como meio de transporte que o fizeram, certo?, mas como lazer. Que tal esta roda de bicicleta? Atenção, que as coisas começam a ficar ainda mais interessantes.
O Datafolha quis saber, entre os que têm bicicleta (apenas 32% dos total), quantos a utilizam para trabalhar ou para estudar, não importa se na ciclofaixa ou não. Sabem a resposta? 17%. Atenção, queridos ouvintes! Apenas 17% dos 32% que são donos de uma bicicleta a utilizam ao menos uma vez por semana para trabalhar ou para estudar. Sabem quanto isso dá do total? 5,44%.
Calma, que a coisa vai ficar ainda mais interessante. Já sabemos que apenas 5,44% dos paulistanos usam a bicicleta, ainda que de vez em quando, na ciclofaixa ou não. Sabem o percentual desse grupo que diz recorrer às faixas de Haddad ao menos três vezes por semana ? 17%. Notem: 17% de 5,44% resultam em 0,92%. Entenderam por que as ciclofaixas são os desertos que vemos? De cada 100 paulistanos, menos de um usa a pista ao menos três vezes por semana. Mas vamos ser generosos. Sabem quantos utilizam as faixas de Haddad ao menos uma vez ? 59% dos 5,44%. Ou 3,21% do total dos paulistanos. Perceberam por que sou e continuarei a ser crítico das opções do ciclomaníaco? Se o prefeito acha que deve incentivar o uso da bicicleta, ok. Só não lhe reconheço o direito de reservar 400 km de faixas, como ele diz que fará, para 0,92% dos paulistanos. “Ah, mas ele era reprovado por 47%, e agora o Datafolha diz que são apenas 28%!” E eu com isso? Ainda que ele venha a ser aprovado por 97%, como eram Saddam Hussein e Muamar Kadafi, continuarei a apontar as suas maluquices.
E não adianta o prefeito mobilizar a sua turma para me atacar. Eu demonstro o que digo, não faço firula.
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