A ciranda nos EUA é cada vez mais alucinada
Agora, eu sinto o drama e a tonteira dos brasileiras ao acompanhar o ritmo das investigações da Operação Lava Jato. Estou zonzo com o ritmo vertiginoso envolvendo vazamentos e denúncias sobre Mr. Donald Trump.
O debate sobre a legalidade das ações do presidente (o que um dia, com controle democrata no Congresso, pode deflagrar o processo de impeachment) deve correr em paralelo com os alarmes sobre os perigos que este homem representa para os interesses dos EUA e da civilização ocidental.
Não, não estou sendo hiperbólico, afinal estou falando de um presidente americano que compartilha segredos de estado com os russos (com os russos) no Salão Oval da Casa Branca, como neste mais recente caso de informações secretas sobre os planos do terror islâmico.
E isso no day after à demissão de James Comey, diretor do FBI encarregado de investigar o possível conluio da campanha eleitoral de Trump com eles, os russos. A ciranda é cada vez mais alucinada.
Na terça-feira, foram as informações de que Trump pediu a Comey em fevereiro que desse um basta às investigações sobre os laços do seu ex-assessor de segurança nacional, Michael Flynn, com os russos. As versões são negadas pela Casa Branca, que está em ritmo contínuo de controle de danos. Em última instância pode se configurar como obstrução de justiça e impeachment.
Não há dúvida que existe uma campanha interna contra Trump na comunidade de inteligência, que esta vazando adoidado e assim dando o troco contra alguém que desfere sem cessar contra as instituições americanas desde a campanha eleitoral. Basicamente, o diabo come o pão que ele mesmo amassou.
Trump sabota as normas do jogo institucional americano e demonstra dia e noite, tuíte atrás de tuíte, sua falta de competência para gerir os negócios de estado (promiscuídos com os seus), deixando os aliados alarmados sobre o risco de esperar lealdade e previsibilidade do chamado líder do mundo livre.
Infatigável para ameaçar os vazadores, Trump (e aqui não estamos revelando nada bombástico) é o vazador-chefe. Você, caro ouvinte, trocaria confidências de estado ou não com ele?
Bobagem buscar um grande lance estratégico nas confidências de Trump aos russos ou solidariedade humanitária com um país que também é vítima de terror islâmico. Trump agiu por impulso, leviandade, sem consultar assessores e indiferença ao comportamento que se espera de uma pessoa de sua responsabilidade.
Quando fofocou com russos, Trump sequer estava inteirado sobre os métodos e fontes do material. Seu governo é isso aí: cada vez mais uma mistura de caos, incompetência e possível violação das leis.
E de pensar que este sujeito, na campanha contra Hillary Clinton, pedia a prisão da candidata democrata por seu manuseio de informações secretas, estimulando os gritos de “lock her up”.
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