Colhendo tempestade: quem planta polêmica nem sempre colhe indenização

  • Por Rachel Sheherazade/ JP
  • 12/08/2015 12h59

Travesti causou polêmica ao encenar com uma cruz durante a parada gay em São Paulo

Antonio Cicero /Fotoarena/Folhapress Travesti faz encenação com uma cruz durante a parada gay em São Paulo

O procurador Rodrigo Janot mandou arquivar a representação movida por Jorge José Ferreira de Souza contra Marco Feliciano.

O deputado foi acusado de incitação a homofobia por ter criticado, nas redes sociais, a performance do travesti que se fantasiou de Cristo e se prendeu a uma cruz com os seios de fora, durante a Parada Gay. O show de Jorge, óbvio, deu o que falar.

Na ocasião, Feliciano protestou no Facebook:

“Colocar Jesus num beijo gay pode? Enfiar um crucifixo no ânus pode? Despedaçar símbolos religiosos pode? Usar símbolos católicos como tapa sexo pode? Dizer que sou contra tudo isso NÃO PODE?”

Bem, depois da polêmica aparição e de uma enxurrada de críticas, Jorge José deu entrada num total de oito processos. Sete deles pedem indenização por danos morais no valor de quase um milhão de reais.

Um dos alvos do travesti foi o senador Magno Malta, que, segundo Jorge, teria ofendido sua honra durante um discurso.

No despacho, o juiz Marcos Roberto Bernicchi adiantou:

“O objetivo da pessoa que se dispõe a se postar em uma cruz em uma manifestação popular é de chamar a atenção por meio [de] atitude controversa e chocante. (…) Não poderia a autora esperar reação outra que não fosse a intolerância de quem assumiu o risco de ofender”.

Para o magistrado, as críticas do senador não atingiram a pessoa de Jorge, mas o ato por ele praticado.

Rodrigo Janot também não encontrou, na crítica de Marco Feliciano, qualquer ato criminoso. O deputado não vai responder por incitação à homofobia.

A polêmica da crucificação ainda não rendeu frutos indenizatórios a José Jorge, mas está lhe dando uma grande dor de cabeça. Ele deverá responder, na Justiça, pelos crimes de vilipêndio, escárnio e intolerância religiosa.

Quem planta polêmica nem sempre colhe indenização. Se condenado por vilipêndio, por exemplo, o polêmico travesti pode pegar até um ano de prisão.

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