Com eleitorado em fúria, Iowa abre as prévias eleitorais nos EUA

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 01/02/2016 12h10
Montagem sobre fotos/EFE Bernie Sanders e Donald Trump

De volta ao ritual de cada quatro anos. Nesta segunda-feira, o pequeno estado de Iowa, com muito milho e muito frio nesta época do ano, dá o tiro de largada para a corrida presidencial americana. Em Iowa, começa a disputa pelos delegados republicanos e democratas que vão escolher o candidato de cada partido para a eleição em novembro que irá escolher o sucessor de Barack Obama.

Se no Brasil, o assunto da imprensa são as propriedades de Lula no Guarujá e em Atibaia, nos EUA, o assunto são as propriedades eleitorais dos candidatos. E a sensação neste ano é da fúria de ampla parcelas do eleitorado contra o que está aí, contra Washington, contra os políticos convencionais, uma sensaçao de que o sistema é injusto, incorreto e marginaliza este ou aquele segmento. Os megafones que manifestam esta fúria são, do lado republicano, o bilionário Donald Trump, um veterano do reality show e calouro na política, e do lado democrata, o veterano radical de esquerda Bernie Sanders.

Seus seguidores são especialmente intensos para achar que o país está na direção errada. E curiosamente temos similaridades entre os dois grupos: são grupos de eleitores acentuadamente brancos e mais homens do que mulheres. Do lado de Trump, são setores da classe média baixa e trabalhadora que perderam o bonde da economia e da globalizacão. Acham que o país está decadente e culpam Washington e Wall Street. Do lado de Sanders, são jovens frustrados com a falta de mobidade social e desigualdade de renda. Também acham que o país esteja decadente e igualmente culpam Washington e Wall Street.

Trump e Sanders reciclam visões do futuro. O bilionário republicano vende a nostalgia de um país grandioso e fantasioso. Já o futuro de Sanders é uma Escandinávia dos anos 60. A demagogia de ambos faz lembrar partidos extremistas de direita e de esquerda na Europa, mas como o sistema americano é bipartidário, ambos canalizam a fúria e as soluções simplistas e inviáveis para os partidões convencionais. Questão essencial: Trump e Sanders podem ser os candidatos em novembro?

Eu, como um batalhão de analistas, subestimei os rumos desta jornada eleitoral americana até agora, especialmente Trump. Descartava a possiblidade de sua consagração como candidato republicano. Já não sou taxativo. Trump é obcecado pela vitória, As pesquisas mais recentes em Iowa mostram ele na frente, mas nada definitivo. Uma vitória nesta segunda-feira lhe dará pique. Uma derrota será um golpe significativo nas suas bravatas. Do lado democrata, Hillary Clinton que parecia coroada antes da corrida, está diante de um obstáculo que é Sanders, mas sigo seguro que a coroa democrata será dela.

Agora vamos aguardar a voz do povo que vota nas primárias. Iowa é apenas a primeira etapa.

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