Com Mr. Trump e Dona Hillary no picadeiro, está tudo de chorar (de rir)

  • Por Caio Blinder
  • 14/09/2016 09h52
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Reprodução/wikimédia The Onion

 Como fazer sátira no atual ciclo eleitoral americano, especialmente com a presença de Donald Trump no picadeiro? Está tudo de chorar ou de chorar de tanto rir. Este é o drama da Cebola, The Onion, o jornal satírico que, como o resto do pessoal da indústria do gênero e da chamada imprensa real, está no sufoco para acompanhar o pique da campanha com Mr. Trump e dona Hillary.

The Onion está na praça há 28 anos e, no Brasil, temos publicações similares no negócio de bolar notícias falsas capazes de deixar os mais incautos confusos. Um dos grandes triunfos foi em dezembro de 2012, quando estampou a manchete que King Jong-Un era o o homem mais sexy do planeta e o jornal governista chinês Diário do Povo caiu na história. The Onion, então, o promoveu à “sua orgulhosa subsidiária comunista”.

The Onion evoluiu como a imprensa tradicional da qual faz paródia (e vice-versa, pois, no ano passado, o Boston Globe publicou uma capa online no estilo The Onion). Em julho, pela primeira vez, The Onion mandou seu pessoal cobrir as convenções dos democratas e dos republicanos para produzir vídeos com sátira em tempo real.

E o lance foi um sucesso. Os vídeos das convenções tiveram mais visualizações no Facebook do que os de veículos como The New York Times e CNN. The Onion, baseado em Chicago, vai repetir a fórmula nos debates presidenciais (o primeiro será em 26 de setembro).

Sem debate é que está embaçada a fronteira entre ficção e realidade nesta campanha. Basta ver algumas manchetes do Onion: “Campanha de Trump avalia ser negativa”. E tudo está mais positivo para a publicação. Já teve um aumento de 38% nos acessos em relação à campanha de 2012. Tanto interesse por sátira rende e o grupo Univision agora tem participação acionária no Onion.

A fórmula do hoje venerável The Onion abriu espaço para programas de televisão como The Daily Show, The Colbert Show e o programa de John Oliver no HBO. O editor-chefe Cole Bolton está animado com qualquer vencedor em novembro. Com Hillary, a jogada será apelar para a caricatura dela como híper-agressiva. E com Trump, claro, as possiblidades são infinitas, de rir e de chorar, sem necessidade de cebola.

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