Com Trump candidato, os EUA viraram uma filial do inferno

  • Por Caio Blinder
  • 21/07/2016 10h12
EFE Trump convenção

 A convenção presidencial republicana que, na verdade, devemos chamar de convenção Trump é um espetáculo do apocalipse. Oh My God, Meu Deus. Os Estados Unidos viraram filial do inferno, o país está despedaçado, Barack Obama é um desastre, o lugar de Hillary Clinton é na cadeia e não na Casa Branca.

Os discursos são histéricos, foi assim desde o começo do falatório, na segunda-feira, 18, e a cantilena só termina nesta quinta-feira, 21, com a consagração dele, Donald Trump. No reality-show do apocalipse, os discursos da família Trump, os filhos e a mulher Melania, dão um toque humano. 
Mas, coitada da Melania, o seu roteiro quase deu certo. Para quem ainda não sabe, ela mal tinha terminado seu discurso, na segunda-feira à noite, sobre o fantástico marido e sua vida iniciada na pequena Eslovênia, na Europa Oriental, quando surgiram as evidências de que Melania plagiara um discurso que Michelle Obama fez em 2008.
Pelo menos aqui temos uma boa noticia, o clã Trump abomina Barack, mas Michelle, a primeira-dama, é modelo para a ex-modelo Melania.
E eu, inspirado em Melania Trump, vou plagiar texto do New York Times, na verdade, fazer um roubo honesto. Trump e políticos republicanos em geral adoram invocar o ex-presidente Ronald Reagan, que, sem dúvida, foi o gigante republicano no século XX. 
Mas o que fica flagrante nesta convenção partidária e no tom da campanha do bilionário é a inspiração em Richard Nixon, o presidente desgraçado, que renunciou no escândalo Watergate em 1974.
Mas estamos falando do Nixon que se considerava o paladino da lei e ordem, porta-voz de uma maioria silenciosa que se ressentia dos liberais e dos intelectuais. Agora, na campanha de 2016, temos a sensação de que estamos em 1968. De novo, o retrato de polarizaçao racial, protestos e o terror. No final dos anos 60, havia motins raciais, protestos contra a guerra do Vietnã e um cenário de caos social.
O que vemos Trump fazendo? Ele explora as ansiedades nacionais sobre raça, o medo do terror e um sentimento de frustração, especialmente entre os brancos de classe média baixa e pobres.
A mensagem soturna de Nixon funcionou em 1968, uma mensagem de exploração de ansiedade que investia em identidade racial. Era um tempo em que os brancos perfaziam quase 90% da população. Hoje, minorias compõem 1/3 da população americana. Parece impossível Trump vencer com um discurso nixoniano, mas tudo é tão surreal em 2016.

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