A estratégia de Lula com Boulos ministro
Com a indicação do deputado do PSOL, fica cada vez mais claro que presidente do Brasil volta às suas origens, aquela da velha esquerda
O presidente Lula deve nomear Guilherme Boulos para a Secretaria Geral da Presidência. A princípio, a ideia seria aproximar o governo dos movimentos sociais. Com a indicação do deputado do PSOL, fica cada vez mais claro que Lula volta às suas origens, aquela da velha esquerda.
Lula sabe que é a sua última eleição e não tem mais nada a perder. E mesmo que tivesse, ele não tem substituto competitivo no campo da esquerda. Para ele, não faz mais diferença acenar para o centrão. Lula quer mesmo disputar sua última eleição à vontade, falando com sua base, dos temas que lhe interessam.
Quer fazer proselitismo político-ideológico, baseado em discurso nacional desenvolvimentista, enaltecendo a soberania nacional, evidenciado pelo antiamericanismo e pela valorização “do petróleo é nosso”, com a exploração da margem equatorial. Esqueçam Marina e pauta woke ambiental. Foram úteis na última eleição; não nessa. Nunca foi por convicção, mas por conveniência eleitoral.
Lula quer menos centrão, e mais movimento sindical. Quer voltar para a base, como diria Mano Brown. Para isso, Boulos cai com uma luva. Ajuda na interlocução, na valorização do PT raiz.
Alguns dizem que Boulos não ajudaria a trazer votos, pois o eleitor da esquerda já votaria em Lula de qualquer jeito. Pode ser. Mas Lula quer disputar sua última eleição como concorreu em 1989, elevando o tom sobre desigualdade social, com um discurso mais radical do “nós contra eles”, ao mesmo tempo que já pense já pense na construção de um Boulos “paz e amor” para o futuro.
Aliás, as trajetórias de ambos se assemelham. Lula, do sindicalista radical, passou a vencer colocando um tenro Armani em 2002. Boulos, outrora, era o líder de um movimento invasor de propriedade; agora, passa a modular o discurso, com fala mansa. Já deve estar até “defendendo” o capitalismo.
Será que Boulos vai ser o sucessor de Lula na esquerda?
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.


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