Brasil vai para as eleições de outubro como se fosse para uma guerra

Presidente do TSE, Edson Fachin, teme que durante a eleição ocorram tumultos com agressões físicas aos que trabalham como mesários e outros servidores

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 12/04/2022 14h15 - Atualizado em 12/04/2022 14h16
Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE Nelson Jr./ ASICS/ TSE Eleições estão programadas para outubro deste ano

Este é mesmo um país que não tem paz. E não terá tão cedo, enquanto os personagens de hoje continuarem a ser os mesmos de amanhã. Nada muda no Brasil nas cenas políticas. Há sempre uma aresta a produzir efeitos nocivos à vida do cidadão. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral e também ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, continua a dizer que a democracia e a Justiça do país correm sério perigo. E isso se deve às constantes manifestações do presidente Jair Bolsonaro, particularmente à Justiça Eleitoral. Sempre que pode, o presidente critica o TSE com palavras cada vez mais contundentes. Fachin, por seu lado, observa que o país tem pela frente um período de muita turbulência e que é preciso encontrar serenidade e sabedoria para superar os desafios e achar soluções para os problemas que surgem de todos os lados.

O ministro afirma que a Justiça Eleitoral está sob ataque e a democracia cada vez mais ameaçada. “A sociedade constitucional está em alerta”, diz ele, acrescentando que isso compreende o cumprimento dos deveres inerentes à legalidade constitucional, defender a Justiça Eleitoral, a democracia e o processo eleitoral do país. Para Fachin, o que se vê hoje no Brasil é um circo de narrativas conspiratórias das redes sociais. Mas observa que não se deve aguçar nem animar essa discórdia e a desordem, principalmente as agendas antidemocráticas cada vez mais acentuadas. Diz que o objetivo do TSE é garantir que os resultados das eleições de outubro correspondam à vontade legítima dos eleitores.

Há alguns dias, o ministro Edson Fachin se reuniu com os desembargadores que presidem os nove Tribunais Regionais Eleitorais da região Nordeste para rebater as críticas de Bolsonaro. Fachin tem o cuidado de não citar o nome do presidente. Aos desembargadores, afirmou que os deveres hoje chamam mais do que nunca a dissipar esse flerte com o retrocesso e assegurar que a institucionalidade prevaleça sobre a ordem das coisas inconstitucionais. Fachin assegura que todos estão diante de uma nobre missão e que o sucesso depende da união e de um esforço conjunto. O ministro teme que durante a eleição ocorram tumultos com agressões físicas aos que trabalham como mesários e outros servidores.

Fachin recomendou aos desembargadores se articularem com as forças de segurança pública para evitar o que vem sendo prometido por radicais. Por esse motivo, o TSE instituiu a Frente Nacional de Enfrentamento à Desinformação, com o objetivo de promover ações e eventos para defender e reforçar a credibilidade das instituições eleitorais perante a sociedade brasileira. Já o vice-presidente do TSE, Alexandre de Moraes, também ministro do STF, alertou que alguns discursos e algumas bravatas feitas contra a Justiça Eleitoral e as urnas eletrônicas não encontram respaldo na sociedade brasileira, lembrando a pesquisa Datafolha em que 82% da população do país acreditam nas urnas eletrônicas, na imparcialidade e legitimidade da Justiça Eleitoral. Na verdade, reina um clima tenso no ano eleitoral. As palavras são cada vez mais duras. Uns falam como terroristas, caso do ex-presidente e ex-presidiário por corrupção Lula da Silva, o que cabe, também, ao presidente Bolsonaro, que amenizou um pouco o discurso mas continua o mesmo de sempre. Este é um pobre país que parece viver sem governo. O Brasil vai para as eleições de outubro como se fosse para uma guerra.

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