Lula é um político ultrapassado no tempo e no espaço, que rasgou sua própria biografia
Ex-presidente é um ficha-suja, mas os delinquentes políticos já estão agindo para que seja transformado num ficha-limpa e possa candidatar-se em 2022
Há certos assuntos que, jornalisticamente, com o tempo, tornam-se enfadonhos. Mas sempre será necessário voltar a eles, porque fazem a fotografia de uma época. Por exemplo: Defesa de Lula já entrou com muitas dezenas de recursos. Mais de 100. É uma angústia. Quanto custa tudo isso? Quem paga essa conta? O Supremo Tribunal Federal até alterou a legislação com respeito à prisão em segunda instância com o objetivo de favorecer um único preso do país, o ex-presidente Luis Inácio. E muitos delinquentes foram beneficiados por essa decisão. Agora, o Superior Tribunal de Justiça negou mais sete recursos da defesa de Lula contra processos na Lava Jato. Sete. Mas a defesa existe para isso. Tem de achar brechas. E brechas é que não faltam para beneficiar presidiários poderosos, caso de Lula. Os recursos rejeitados, mais uma vez, pediam a revisão de decisões anteriores.
Pior de tudo: Lula continua fazendo discurso. Não para de fazer discurso. Aquelas mesmas palavras dos anos de 1960. Para Lula, o tempo parou e ele ainda não se deu conta. Recursos, embargos de declarações em ações de habeas corpus, dessa vez a defesa do ex-presidente, de triste memória, pediu a suspeição de dois desembargadores, um delegado da Polícia Federal e um procurador regional da República que atuam nos processos da Lava Jato contra Luis Inácio. Pode algo assim? Se fosse concedida a suspeição, as autoridades estariam impedidas de atuar nas ações. Os advogados (quantos são?) de Lula também questionavam a legalidade das provas apresentadas pela Odebrecht sobre os registros do sistema de pagamentos de propina da empreiteira. Um dos recursos pedia o acesso aos diálogos entre procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro, obtidos de forma criminosa por hackers que foram presos, mas já estão soltos, uma história mal explicada até hoje, jogada na cara do país.
As escutas dos hackers, como num passe de mágica, foram parar nas mãos de Manuela D’Ávila, do PCdoB, que foi candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad, do PT, em 2018. Com todo aquele material nas mãos, ela procurou o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, dono do site de notícias The Intercept Brasil. O norte-americano divulgou com muito barulho e ostentação as conversas que teriam ocorrido entre o ex-juiz Sérgio Moro, então da 13ª.Vara Federal de Curitiba e os procuradores da Lava Jato. Fosse algum brasileiro fazer isso nos Estados Unidos, seria preso em um minuto. E tudo aconteceu como num passe de mágica. No fundo, é uma história que nunca foi explicada como deve ser. Nem nunca será. A defesa de Lula, em um dos novos recursos, alegou que os diálogos podem provar a parcialidade na atuação da Lava Jato contra Lula.
Um outro recurso entre os rejeitados pelo STJ reclamava do julgamento em sessão virtual de um pedido da defesa que também foi negado. E assim a vida vai seguindo. Lula hoje é uma pessoa política ultrapassada do tempo e no espaço, que rasgou sua própria biografia. Traiu a si mesmo. No poder, esqueceu-se de tudo que pregou por mais de 20 anos, e no seu governo aconteceram escândalos de corrupção dos maiores da história da humanidade. Não é exagero. Está no lugar que merece em termos políticos, seguido ainda por um bando de gente que age sempre com desfaçatez. São ainda os integrantes da grande quadrilha, os corruptos sempre protegidos pelas leis e por uma justiça que ninguém sabe ao certo o que de fato é. O Brasil é um país surrealista. Só aqui a esquerda elege um candidato da direita. Ou alguém tem dúvida de que o povo decepcionado com o comportamento sujo do PT despejou os votos em cima de Bolsonaro?
O Brasil é também um país sem sorte e infeliz. Está sempre envolvido em absurdos políticos praticados por uma gente que está em cena há décadas. Não muda. Eles estão sempre aí. Entra governo, sai governo, e essas figuras nefastas ocupam sempre um lugar de destaque. É o caso de Luis Inácio, que acredita ainda poder alterar as cenas brasileiras com sua palavra esperta. Para quem o conheceu de perto, bem de perto, é difícil acreditar no que se transformou. Aqueles 30% garantidos do eleitorado não existem mais. E os milhões de votos do Bolsa Família idem. Parece que só Lula não percebeu. Ou faz de conta que não sabe. Aliás, Lula nunca sabia de nada. Não sabe agora que os tempos mudaram. Não estamos mais nos anos de 1960, com aquelas palavras de ordem. Não. Lula hoje é um ex-presidiário. Só isso. Não está numa cela porque o STF manobrou para soltá-lo. É um ficha-suja, mas os delinquentes políticos já estão agindo para que seja transformado num ficha-limpa e possa candidatar-se em 2022. O vexame será maior: perderá no voto.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.