Justiça brasileira é tão falha que é capaz de culpar Henry Borel pelo próprio assassinato

Já faz mais de um ano que o caso se arrasta, como é próprio de assassinos endinheirados; agora, a mãe do menino foi solta sob condição de usar tornozeleira eletrônica

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 06/04/2022 15h26
MAURICIO ALMEIDA/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Monique Medeiros Monique Medeiros durante audiência do caso Henry

É revoltante. É sórdido. A justiça brasileira provoca asco nas pessoas. Essa justiça com “j” minúsculo acaba de dar liberdade à mãe do menino Henry Borel, acusada de ajudar a assassinar. Vai para a prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Monique Medeiros da Costa e Silva já deixou o presídio Santo Expedito, no Bangu, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 5. A decisão em favor da ré foi da juíza Elizabeth Machado Lauro, da Segunda Vara Criminal do Rio. O menino Henry Borel era constantemente espancado pelo padrasto, o ex-vereador Jairo Santos Souza, chamado de Doutor Jairinho. Espancou tanto até que o pequeno Henry morreu. Mesmo assim, é ainda chamado de Doutor “Jairinho”, um diminutivo que não cabe num criminoso cruel e perverso. Ele continuará preso. Já Monique está em casa.

A juíza determinou que Monique fique em endereço não usados antes. O novo local ficará em sigilo acautelado em cartório. De certo, a juíza da grande justiça brasileira quer protegê-la, já que muitos querem fazer justiça com as próprias mãos. Então fica escondida. Monique, a mãe acusada de ajudar a matar o próprio filho de 4 anos, estava presa desde 8 de abril de 2021, quando também foi preso o então namorado, o chamado Doutor Jairinho, assim, bem bonitinho o nome falado do diminutivo. Mas isso não esconde o criminoso frio e covarde que é. Quem lê esta coluna, pode ter a certeza de que logo estará também em liberdade por essa justiça de bost*, que gosta tanto de favorecer aqueles criminosos que têm dinheiro e advogados abutres à vontade. O Ministério Público vai recorrer da liberdade concedida pela justiça vagabunda.

O pai do menino assassinado covardemente a pancadas, Leniel Borel de Almeida, chorou ao saber da decisão dessa justiça ordinária que beneficiou a ex-mulher, dizendo que a decisão é inacreditável. Diz que a Monique é tão culpada pelo crime quanto o Doutor Jairinho. Monique vinha se queixando aos seus advogados que sofria ameaças das outras presas. E daí? Coitadinha dela. Então a juíza da justiça brasileira atendeu aos pedidos dos advogados e deu-lhe a prisão domiciliar. Uma maravilha. É indecoroso. Quando os dois criminosos, a mãe do menino e o então namorado na época do crime, falaram em juízo, disseram que o menino Henry foi vítima de um acidente doméstico. Negando que tivessem assassinado a criança, mentiram o tempo todo sem nenhum sentimento. Jairinho chegou a dizer que nunca tinha encostado num fio de cabelo do menino.

Dizendo-se inocente, o então namorado de Monique falou que “existe a justiça dos homens e a justiça de Deus”. E Monique dizia a toda hora que o menino Henry era o filho mais maravilhoso que ela poderia ter. O doutorzinho Jairinho chegou a escrever uma carta à justiça dizendo que o menino poderia ter morrido de morte natural ou envenenado. Tudo uma desfaçatez que representa um deboche. Faz um ano que o crime aconteceu e até agora ninguém foi condenado. Um ano que o caso se arrasta, como é próprio de assassinos endinheirados. E essa justiça toma decisões revoltantes. Afinal, isto aqui é o Brasil. Um crime como esse é tratado só com depoimentos mentirosos, um diferente do outro, e representa também uma das tantas faces deste país. É revoltante. Dói saber que criminosos assim têm esse tratamento nessa justiça cada vez mais vagabunda. Se a sociedade não ficar ligada no que ainda está por acontecer, é bem capaz que essa tal justiça do Brasil considere que o culpado de tudo foi o menino assassinado sob tortura e espancamento. E os dois assassinos enfim ficarão livres e os amigos até farão uma festa de homenagem.

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