Tabata Amaral surgiu como esperança, mas decepcionou como os velhos nomes da política

‘Erro’ de deputada em votação mostra que o Brasil não tem jeito, com os velhacos de sempre e as novas pessoas que surgem

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 08/06/2022 14h14
Plínio Xavier/Câmara dos Deputados Deputada Tabata Amaral de vestido branco discursando Tabata Amaral foi eleita deputada pelo PDT, mas trocou de partido e foi para o PSB

Não é a primeira nem será a última vez que a população erra. De vez em quando sentimos um alento com o surgimento de alguns novos nomes na política do país. É uma necessidade de cancelar muitos dos que estão aí parece que há séculos. Sempre nos mesmos cargos, decidindo coisas, dando ordens. Eles não desaparecem nunca. E de vez em quando vem um alento, como foi no surgimento da deputada federal Tabata Amaral, hoje do PSB. Foi eleita com 22 anos, tem hoje 25. Foi a 6ª deputada mais votada em São Paulo. Ao sabê-la ativista na área da Educação, este colunista meio lunático disse para si mesmo: “Surge uma esperança”. Eleita pelo PDT, com o qual  se desentendeu, foi para o PSB.

Com o tempo, viu-se que sempre se encontra alguma pequena notícia contra ela. Devem ser os desafetos. Só podem ser os desafetos. Mas não se sabe direito. Ela, a exemplo dos outros eternos deputados federais, tem uma página na internet mostrando seu trabalho. Tudo bem, mas é tudo igual. No fundo, é tudo igual. E aquela esperança do colunista foi para a cucuia. Na verdade, mais uma desesperança. A tolerância tem de ser zero com os políticos. Uma de suas primeiras medidas em Brasília foi arrumar um bom emprego para o namorado. Claro, vocês querem o quê? Que ela deixe o namorado desempregado? Não pode. E assim a vida vai indo. A vida sempre vai indo, mas ninguém sabe para onde. São muitos enganos. Muitos equívocos. 

Agora Tabata Amaral está meio desesperada para explicar à população um erro que cometeu numa votação importante. Diz ela que errou. Como o país vive de erros, poderia passar mais um. Mas com Tabata não pode. Tem de ser registrado. Admitiu o erro depois de pressionada pelas redes sociais, que não perdoaram. Ela diz que votou “errado” em destaque no projeto do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, que permite aos bancos tomar a casa de famílias endividadas ou inadimplentes. Bem aí ela foi errar. Bem aí. Que beleza! Afirma que foi um erro técnico. Claro, as redes sociais caíram em cima dela. Com razão. No seu perfil, ela se apressou para explicar que votou diversas vezes pela obstrução da votação. Adiantou que o “erro” aconteceu na hora de votar três destaques que retiravam do projeto exatamente essa parte que gerou polêmica e perplexidade. “Em dois deles eu votei corretamente. Mas no outro, não. Peço desculpas”, escreveu ela. E esclareceu que já enviou à Mesa da Câmara ofício retificando seu voto. E disse ser importante afirmar que ela é humana e, assim como todos nós, vai cometer muitos erros técnicos na vida. “O que nunca existiu é um erro técnico contra meus valores”, observou, garantindo que agora vai trabalhar junto ao Senado para que o projeto do PL não passe no Senado. 

A coluna utiliza apenas uma única opinião sobre o assunto. Somente uma, mas que representa tantas outras com gosto de desencantamento. O professor Daniel Cara, da Universidade de São Paulo, decepcionado, escreveu sobre a votação do projeto sórdido. E afirmou: “A Tabata votou a favor. Mas não foi a única. Ninguém que ajudou a aprovar essa matéria merece seu voto”. É o que pensa também este colunista, do alto de seus delírios. Não tem que votar nessa gente mesmo. No final, sentimos que isto aqui não tem jeito. Com os velhacos de sempre e com os novos nomes que surgem na política como se fossem uma esperança. Esperança do quê? Não existe esperança nenhuma. O país é isto que vivemos todos os dias. Decepções cada vez maiores na linha do horizonte, com o sentimento de que nada vai mudar nunca.

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