Amigo secreto: as dores e as delícias do fim do ano

Com a correria de fim de ano, esqueci o presente para a confraternização das amigas da escola, mas encontrei a solução em um shopping e todos ficaram felizes

  • Por Bia Garbato
  • 21/12/2022 11h00
Reprodução/Freepik Troca de presentes entre amigos Troca de presentes em confraternização

Se eu não morrer até o fim do ano é que eu sou imortal. Está mais fácil acabar o mundo do que acabar o ano. Todo final de ano essas frases pipocam na minha cabeça. Sei que não sou a única que tem vontade de fugir pra Caraíva no dia 28 de novembro e voltar pra casa dia 28 de dezembro, antes que o caos domine o local. Mas, puxa vida, já que é uma vez ao ano, que tal fazer o encontro da turma da faculdade em maio? E a confraternização da empresa, não pode ser em setembro? A única diferença é que não vai ter trânsito e os bares não vão estar lotados.

Ontem era o meu prazo de entrega desta coluna. Não deu. Se você está lendo isto agora é que, pelo menos, eu consegui entregá-la hoje. Uma das razões é que ontem foi o amigo secreto das amigas da escola. O detalhe é que, com toda essa loucura, eu esqueci de comprar o presente. Todo mundo sabe que é melhor ir pelada a um amigo secreto do que ir sem presente. Saí de casa meia hora antes de começar a brincadeira. Como eu estava nessa pressa sem noção, achei que as chances de eu ter uma convulsão no shopping pra decidir o que comprar era grande. Resolvi ir a uma loja de rua. Prático e fácil. Só que já era de noite e estava tudo fechado. Acabei caindo em uma Lojas Americanas, lugar que eu adoro, sobretudo para comprar tupperwares e balas. Rodei a loja inteira várias vezes. Eu mexia freneticamente a cabeça e sussurrava pra mim mesma: meias compressoras Kendall, colchão inflável, ventilador, CD (ainda existe?), DVD (ainda existe?), panettone recheado de goiabada (isso existe?)… De vez em quando me vinha à cabeça a cara da minha amiga secreta recebendo um cortador de legumes.

Foi quando decidi assumir o atraso e tentar recuperar minha moral no presente. Me rendi ao shopping. Sabe quando você se dá conta que já se lascou mesmo e entra num platô de paz? Estacionei com calma, olhei as vitrines com tranquilidade, só não tomei um cafezinho porque um chopp me esperava. Comprei um kit de maquiagem divino. Acima do bugdet, mas tudo bem. Eu precisava me redimir. Quem ganhou deu gritinhos de alegria, me abraçou e tiramos aquela fotinho clássica com o mimo. Crônica entregue, presente arrasou, coração em paz. Agora me dê licença, que vou trocar os sais de banho que eu ganhei. Afinal, eu não tenho banheira.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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