Aniversário do meu filho: como ralei pra alimentar 20 moleques famintos

No dia da festa, por motivos que desconhecemos, eu esqueci de montar os sanduíches…

  • Por Bia Garbato
  • 19/06/2024 08h28 - Atualizado em 19/06/2024 08h35
  • BlueSky
Foto: freepik Bolo de aniversário O fato é que eles jogaram, gritaram, riram, se esbaldaram. E eu me dei conta que o melhor recheio pro egg sponge é diversão

Sábado foi aniversário do meu filho. Fez 12 anos o moço. Tem gente que não liga para aniversário. Ou prefere viajar. Antônio planeja sua festa de aniversário com um ano de antecedência. Ou seja, essa comemoração começou a ser programada no dia seguinte ao que ele fez 11 anos. O curioso é que ele é fiel às suas preferências. Quando menor, comemorou 3 festas no tema Thomas & Friends, uma locomotiva azul falante e seus amigos, trens de todos os tipos. Curiosidade: o desenho é narrado pelo Ringo Starr, baterista da banda preferida da mamãe. No 4º ano, perguntei qual seria o tema da próxima festa. Antes de ele responder, eu disse: “Que não envolva trilhos em cima do bolo!”. Ele aceitou resignado a festa dos super-heróis. Neste ano, bradou pelo 3º ano seguido: “Quero fazer a festa no videogame do shopping.”. Ao contrário da festa infantil monotemática, nem lutei. É prático à beça. Se quiser comemorar o aniversário de 18 anos lá, que seja. O “videogame do shopping” é assim: uma sala escura com 20 computadores com teclado neon, poltronas com encosto muito mais alto do que os jogadores e música eletrônica numa altura proibitiva para quem não está com o fone, também neon. No primeiro ano aluguei um micro-ônibus para levá-los e buscá-los, e emendei a comemoração no McDonalds, na praça de alimentação do shopping. Imagina 20 moleques de 10 anos gritando e correndo eufóricos, depois daquele estímulo similar à anfetamina. Quando a quarta batatinha bateu nos meus óculos, decidi: nunca mais.

A festa que se seguiu não teve nada disso, mas teve lembrancinha. E a terceira, sábado passado, nem saquinho de balas teve. Mas o fato é que deixar pré-adolescentes, em fase de crescimento, sem comer por 3 horas não dá. Então mamãe decidiu fazer sanduichinhos para os jogadores. Comprei egg sponge, aquele pãozinho fofinho gostoso pra caramba, queijo e peito de peru. Ah, e requeijão pra dar uma liga. Só que no dia da festa, por motivos que eu e a ciência desconhecemos, eu esqueci de montar os sanduíches. Isso mesmo. Mamãe esqueceu de pegar o quase meio quilo de frios na geladeira e enfiar dentro dos pãezinhos. Ainda em casa, faltando 15 minutos pra chegada dos moleques na festa, me dei conta da cagada universal que eu tinha feito. Não tive dúvida: peguei os sacos de pão e parti que nem um foguete. Chegando no shopping, meu namorado me alertou, delicadamente: “Vai ficar ridículo você dar esse pão puro para os convidados.” Era oficial: eu tinha que ir atrás de uma Casa do Pão de Queijo. Pra começar, 20 pães de queijo não saem de uma vez só. Então tive que levar 5 pães de queijo por vez. Pensa em 20 moleques famintos. Agora pensa nesses 20 avançando no saquinho na minha mão. Era pão de queijo rasgado ao meio, pão de queijo voando que nem bola de futebol americano, disputado como se fosse a final do Super Bowl. Depois de suar a camisa (eu, não eles), respirei fundo. Cada um dos convidados havia comido um generoso pão de queijo quentinho, tomado um suquinho de maçã de caixinha e ainda ganharam um bolinho Ana Maria de cenoura com chocolate. Perfeito, né? Só que o que eu, inocentemente, não sabia, era que aqueles estômagos não eram de pessoas, mas sim de mamutes. Então começou um tal de “Tô com fome ainda, tia”, “Quero mais pão de queijo!”, “Não tem milk shake?”. Olhei pro meu namorado e disse, delicadamente também: “Pega esses pães puros e entucha nessa garotada!”. O fato é que eles jogaram, gritaram, riram, se esbaldaram. E eu me dei conta que o melhor recheio pro egg sponge é diversão.

 

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.