Católica Astrológica Romântica: minha jornada pelo mundo místico

Já fiz retiro vegano ao lado de Buda, tomei muitos passes em centro espíritas e banhos de arruda em casas de umbanda; já acendi até vela roxa e paguei promessas em Aparecida, Fátima e Vaticano

  • Por Bia Garbato
  • 07/06/2023 09h00
Freepik Mulher negra jovem de cabelo cacheado joga cartas em uma mesa de taro Esoterismo está ligado à religião e à filosofia

Quando me perguntam qual é a minha religião, eu logo respondo: sou católica astrológica romântica. Pra mim, leitura de mão é ciência. Não saio de casa sem pedir a opinião do I-Ching. Eu já me meti com grafologia e descobri que minha letra é ruim; com numerologia, e preferi não mudar meu nome pra Byah; e com leitura da borra do café, que ainda não entendi bem como funciona. Sempre que uma amiga tem um contato quente, ela me liga e fala as palavras mágicas: “Ele fala nomes!”. Eu não resisto. Além de ser católica de origem, no assunto religião também não fico atrás. Já fiz retiro vegano ao lado de Buda, já tomei muitos passes em centro espíritas e banhos de arruda em casas de umbanda. Já fiz cirurgias espirituais (e hospitalares). Já acendi até vela roxa, que me falaram que limpa a aura. Já paguei promessas em Aparecida, em Fátima e no Vaticano, mas não foi a pé.

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”
William Shakespeare.

Já disseram que eu ia ter dois filhos, quatro filhos, nenhum filho (tenho um e está ótimo). Que eu ia ter dois casamentos (por enquanto estou no primeiro). Que eu poderia morrer aos 30 (ufa, estou com 40). Que eu devia trabalhar com política (argh!), como veterinária (thanks) ou escritora (agora, sim). Fui em videntes que falavam espanhol, o que deixou tudo muito mais mágico. Fiz um mapa kármico, regredi e descobri que fui uma camponesa baixinha e gordinha (praticamente a Mônica). Depois de me assustar muitas vezes, aprendi que a carta da morte no Tarot quer dizer mudança. Constatei que o horóscopo do site da Jovem Pan é o verdadeiro. Só nunca vi bola de cristal e ainda acho que é coisa de filme. Já fiz amarração para trazer o homem amado em sete dias. Demorou sete anos, mas pelo menos ele apareceu.

Toda vez que vou a um lugar que tem contato com o lado de lá, me falam que eu sou sensitiva. Passo um mês dormindo de luz acesa, com medo de ter um espírito dentro do meu armário. Meu marido, “ateu, graças a Deus”, para sacanear, aproveita quando estou distraída e fica estático atrás de mim. Quando eu viro, quase morro de susto, e ele, de rir. Desejo que um espírito puxe o pé dele naquela noite. Teve um tempo que eu mesma me meti a ler mãos. Botava uma saia indiana, misturava o que eu tinha lido na internet com alguma intuição e um tanto de criatividade. Uma amiga de uma amiga arriscou suas palmas às minhas previsões. Fazendo uma cara enigmática, lhe disse que ela ia casar com um estrangeiro. Ela se espantou, pois eu tinha acertado! Então ela me perguntou de onde ele era. Eu, muito misteriosa, franzi a testa e chutei convencida: “Leste Europeu”. Ela fez uma cara desanimada e agradeceu. Estava noiva de um argentino. Minha carreira astral acabou aí. Eu não sei de onde vem esse meu misticismo todo, mas reza a lenda que é tudo culpa do meu signo: peixes. Sei lá, mil coisas.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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