O resto é perfumaria: minha saga atrás de uma essência feminina nada doce
O importante é que a fragrância combine com a nossa personalidade
Eu sempre gostei de passar perfume. Sabe aquelas pessoas que borrifam até atrás do joelho? Não? Prazer. O lance é que meu melhor amigo, pessoa de grande confiança, não conseguia sentir o cheiro do meu perfume. Vira e mexe eu esticava meu pescoço e perguntava: “E aí, dá pra sentir?”, e ele respondia: “Bem suave” ou “Ao fundo…”. Isso queria dizer que ele não tinha sentido porra nenhuma. Submeti meu pescocinho a outros cheiradores ponta firme (minha mãe), que me disseram (disse) que eu cheirava a nada.
Eu não gosto de perfume doce, o que reduz drasticamente as possibilidades de fragrância para uma mulher. Sempre usei um perfume unissex, o que, hoje em dia, é raríssimo de achar. Na verdade, acho que essas essências são as verdadeiras obras-primas da perfumaria. Imagina criar um cheiro que funcione em mulheres e homens: altas, baixinhos, magrelas, simpáticos, mal-humoradas. Trata-se de um perfume pra população mundial.
Mas, como ninguém sentia nada, fui a uma loja de perfumes, para encontrar uma fragrância que funcionasse em mim. Na falta de outros polivalentes, testei um monte de opções femininas. Todos, acredite em mim, todos pareciam ter açúcar na fórmula. Saí com enxaqueca e nenhuma essência pra chamar de minha. Comprei, então, uma versão do meu perfume chamada “Essence”. Ao invés de Eau de Parfum, Parfum mesmo. De acordo com o que me disseram, a fixação era maior. Meu amigo comprou o mesmo pra ele, aproveitando que era para todos os gêneros. Resultado: ele ficou com cheiro de Parfum e eu com cheiro de Eau (água). Uma questão de pele, disse a internet.
Confesso que traí o unissex uma vez. Comprei um perfume feminino cítrico, nada adocicado. Um achado. Usei numa viagem e, na volta, constrangida por minha pulada de cerca, voltei pros braços do oficial. Como ele não cumpria seu papel, resolvi testar o novo. Finalmente o amigão sentiu um perfume em mim! Só que, como eu, ele não gostava de perfumes enjoados. Quando cheirou a nova fragrância no meu pescoço soltou: “Esse perfume é meio doce, né?”. Fiquei sem saída. Ou cheirava a nada ou cheirava a algodão-doce.
Recentemente, fui ao forró, programa que eu adoro. Confesso que, antes de ir, me enxarquei com o tal cítrico, porque queria mais é que o unissex se ferrasse. Perfume é coisa importante nesses lugares, pois se dança com a cabeça no cangote alheio. Ao final de uma sacolejada, um rapaz me disse entusiasmado: “Você é a mulher mais perfumada do forró” (ou foi perfumosa?). Disse que meu perfume era delicioso e perguntou o nome mais de uma vez. Claro que na emoção de ter minha fragrância reconhecida, não lembrei. Essa cena se repetiu mais duas vezes! Depois de 6 meses penando, fiquei radiante que meu cheiro estava, finalmente, fazendo sucesso. O fato é que, muito mais do que uma fragrância gostosa, o importante é que ela combine com a nossa personalidade. E é claro que não é nada mau saber que têm narizes que gostam.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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