Papo gastronômico: cozinhar, definitivamente, não é minha praia

Depois da pandemia, parece que saber cozinhar vem de fábrica

  • Por Bia Garbato
  • 12/09/2023 07h50 - Atualizado em 12/09/2023 07h52
Tina Dawson/Unsplash cozinha, culinaria, gastronomia

Outro dia fui a um jantar muito animado, com pessoas interessantes. Lá pelas tantas, começaram a falar sobre comida. Mais precisamente, sobre cozinhar. Tenho percebido que, nesses encontros sociais, inevitavelmente, acaba-se trocando receitas. Depois da pandemia, parece que todo mundo adora se aventurar na cozinha. Definitivamente, não é o meu caso. A anfitriã tinha feito uma moqueca. Óbvio que não perdeu a oportunidade de dizer que tinha passado o dia preparando aquele prato sublime, que o marido havia pescado o robalo que ali jazia e até confessou seu segredinho: “Só pra vocês, tá?”. Não me pergunte o que era, porque eu não prestei atenção. Em seguida, um amigo pegou o gancho das iguarias do mar e contou apaixonadamente como prepara um inusitado risoto de camarão com brie: “Combina super!” Veja você. Uma amiga confessou que fazer pão é a sua terapia e que “alimenta” o fermento natural todos os dias (tipo um “Tamagotchi”). Outra camarada recebeu elogios rasgados pelo banoffee, com doce de leite sem açúcar, nem adoçante (como pode?), que levou para o final da orgia. E eu? Eu levei flores.

Enquanto trocavam figurinhas gastronômicas, fiquei com cara de quem estava assistindo a um programa culinário. O fato é que eu simplesmente não gosto (para não dizer detesto) cozinhar. Tem sempre alguém que quer me ensinar uma receitinha super simples, que até eu vou conseguir fazer. Omelete, por exemplo. Eu sei que é baba. Mas aí é que tá. Eu não sei fazer, porque eu não quero aprender. Se eu quisesse, eu aprenderia. Não aprendi álgebra? Na verdade, eu sou um desastre na cozinha. Quando digo “desastre”, quero dizer desastrada mesmo. Quebro 5 ovos para aproveitar 3, queimo a comida, me queimo, não sei cortar cebola, então me corto, fico ansiosa e tiro o prato do forno antes da hora, ou seja, não vale a pena.

Eu já cozinhei, claro: arroz, filé de frango, ovos básicos e, claro, brigadeiro. Sobrevivência é tudo. Confesso até (não espalhe por aí) que eu faço um macarrão ao molho branco bem honesto e um pavê de bolacha maria e leite condensado que, em 75% das vezes, dá certo. Mas se eu puder evitar, evito. Em suma, num grupo homogêneo como esse, uniforme como uma boa maionese caseira, não sou um grande sucesso. Mas se quiserem uma receita infalível de animação é só me chamar.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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