Vitaminas ou Botox? Meu rolê pelo mundo da estética
De onde vem a verdadeira beleza?

Esses dias, fiz Botox na testa. Não sei se é coisa que se conta de primeira, mas aqui está. Não foi exatamente uma necessidade, e sim uma sugestão incisiva de duas irmãs elegantes, somada a uma janela de oportunidade. Veja bem, não sou uma mulher super vaidosa, mas estou longe de ser desleixada. Vou explicar: faço a unha toda semana? Sim. Unha em gel comprida, metalizada e pontuda? Não. Adoro um rímel quando saio? Sim. Cílios postiços que fazem vento quando a gente pisca? Não. Fiz clareamento nos dentes? Sim. Encapei os dentes com placas luminosas? Não. Babyliss de vez em quando é vida? Sim. Meu cabelo é domado por escova progressiva e tem luzes californianas? Não. Ou seja, de vez em quando, minha unha descasca, o rímel borra e o cabelo fica com frizz. Dependendo da luz, saio com o sorriso amarelo nas fotos. Mas, felizmente, eu e o espelho estamos em paz.
A verdade é que, no alto dos meus 44 anos, eu nunca tinha feito um procedimento estético. Minto. Uma vez, caí no conto das 10 sessões para eliminar pequenas depressões no bumbum — vulgo, celulite. O aparelho prometia algo como drenar as toxinas através da bioestimulação de alguma coisa. Eliminou? Sim, o meu tempo e o limite do meu cartão de crédito.
Também sou fora de moda no quesito vitaminas e suplementação. Nada contra. Tomo creatina e whey depois de suar o top. Mas vejo que potes enormes, com cápsulas parecendo mísseis, estão cada vez mais presentes nas mesas de café da manhã, ao lado do requeijão. A ideia é interessante: prevenir, em vez de tratar os problemas de saúde. Tudo começa com um exame de sangue quilométrico. Percebo que, quanto maior o número de tubos de sangue colhidos, maior o status do médico. Passamos a saber a quantidade de cada metal da tabela periódica que temos no corpo. A importância do nível de níquel no organismo eu já não sei.
Pelo que ouço, as fórmulas servem para muitas coisas, como eliminar toxinas, evitar doenças graves e fortalecer as unhas. Mas a razão mais convincente, para mim, é a de aumentar a imunidade. Pegar gripe é uma droga. Ainda por cima, as gripes que andam por aí não têm respeitado vacina, nem se contentado com os sete dias de nariz entupido a que tinham direito. E ainda deixam uma tossinha de brinde por meses.
Eu concordo que vitaminas e sais minerais são fundamentais pro nosso corpo. A diferença é que minha nutrição vem de um bom prato de comida, como os antigos faziam. E estou invicta este ano. Nem um nariz escorrendo. Pelo visto, gripe não gosta de brócolis. Mas, voltando ao Botox. Tenho muita coisa zuada no meu corpo (pulmão asmático, intestino preso, labirintite…), mas, modéstia à parte, a pele não é uma delas. Mesmo assim, recentemente, comecei a enxergar uns tracinhos entre as minhas sobrancelhas, a famosa “marca do bravo”. De brava não tenho nada, mas percebi que ando franzindo a testa. Não sei se é preocupação ou vista cansada mesmo.
Aquelas duas mulheres bonitas, que nasceram da mesma mãe que eu, vira e mexe apareciam com o rosto avermelhado, consequência de um ritual de tortura chamado microagulhamento, que deposita alguma coisa milagrosa debaixo da pele. Só sei que tem colágeno envolvido. Caí na besteira de mostrar a elas os mini sulquinhos que apareceram sobre o meu nariz. Elas, que pelo visto não têm vista cansada, enxergaram essas e outras linhazinhas na minha tela. Minha mãe, uma mulher belíssima e completamente original de fábrica, me disse: “Você é linda e, além de não precisar, vai se arrepender.” Como confiar em uma senhora que nunca levou uma agulhada na face?
Então, esses dias, fui à dermatologista (a mesma das minhas manas) para ver um cisto que apareceu no meu braço. Olhando a testa da médica (lisa), lembrei da minha. Então caí na besteira de perguntar: “Como é que funciona esse lance de Botox?” Ela me explicou que se tratava da aplicação de uma substância chamada toxina botulínica. Não entendi nada: na bunda, tem que drenar as toxinas, no corpo, eliminá-las e, na testa, enfiá-las pra dentro? É claro que ela falou maravilhas do tratamento e ainda me explicou que existe uma versão light do produto, com um resultado super natural. Ela preencheria as discretas linhas da minha fronte e ainda acabaria com meu “pé de galinha” — coisa que eu nem sabia que tinha, até ela me fazer sorrir perto de um espelho. De graça, até injeção na testa (ok, não era de graça, mas quis fazer esse trocadilho infame pra dizer que eu topei).
Fui pra casa com um misto de ansiedade e curiosidade sobre o impacto daquela intervenção. Só que o efeito apareceria de quatro a sete dias depois. Todo dia eu levantava a sobrancelha e nada. Até que, numa manhã, acordei com a sensação de que a palma de uma mão estava segurando minha testa. Ergui os supercílios e eles arquearam com dificuldade, como se estivessem lutando contra uma barragem. Eu sou super expressiva, então imagina a quantidade de calorias que passei a gastar toda vez que, por exemplo, fico surpresa com alguma coisa.
Eu não sei dizer direito se estou parecendo mais jovem, descansada ou o Coringa. Só sei que nem mesmo minhas parentes perceberam grande diferença, já que não era uma grande questão. Mamãe não disse nada, mas abriu os olhos — sem a dificuldade que eu venho enfrentando — e eu quase pude ouvir sua mente dizendo: “Te avisei.”
O fato é que, mulheres ou homens, temos o direito de cuidar do nosso corpo e da nossa aparência como quisermos. O importante é nos sentirmos bem com a pessoa com quem mais convivemos: nós mesmos. E jamais esquecer o principal: a verdadeira beleza vem de dentro pra fora.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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