Força Nacional tinha mais de 200 efetivos no 8 de Janeiro; maior parte ficou no Ministério da Justiça
Portaria assinada pelo ministro Flávio Dino compreendia o uso da FNSP no auxílio à “proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado entre a rodoviária de Brasília e a Praça dos Três Poderes”
No dia 8 de janeiro, a Força Nacional mobilizou na Esplanada dos Ministérios um total de 214 efetivos, 24 viaturas leves e pesadas, além de dois drones. A informação consta de relatório encaminhado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as invasões às sedes dos Três Poderes. Apesar do expressivo contingente, apenas dois pelotões (60 homens) foram deslocados para a Praça dos Três Poderes para “auxiliar na retirada de invasores e repelir a turba”. Outros quatro pelotões de choque “permaneceram a todo momento no estacionamento em frente ao Anexo I” do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para, segundo informado no documento, impedir acesso não autorizado de pessoas e conter populares. “Nesse mesmo perímetro, à retaguarda das equipes de choque, permaneceram as equipes de apoio tático, com ambulância e ônibus de transporte de tropa.”
O emprego da Força Nacional é um dos pontos mais questionados pela oposição, que acusa o governo federal de eventual omissão na proteção do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da sede do Supremo. Pressionado pela CPMI do 8 de janeiro a fornecer as imagens das câmeras de segurança, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública disponibilizou semanas atrás gravações de uma câmera interna voltada para a portaria do edifício, e outra externa, direcionada para a Esplanada. Não chegaram ao colegiado as gravações da câmera externa localizada na parte de trás do MJSP e voltada para o estacionamento, onde permaneceu a maior parte da tropa, segundo o relatório. No mesmo documento entregue à CPMI, há uma imagem de policiais do choque diante de alguns manifestantes, mas não é possível saber se os mesmos tentaram avançar sobre o edifício.
A portaria assinada pelo ministro Flávio Dino, ainda no dia 7, compreendia o uso da FNSP no auxílio à “proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado entre a rodoviária de Brasília e a Praça dos Três Poderes, assim como na proteção de outros bens da União situados em Brasília”. Na prática, havia autorização prévia para que os batalhões fossem empregados de forma geral e não apenas no perímetro do Ministério. Desde o sábado de manhã, dois pelotões de choque, com 28 homens cada, já guarneciam o interior do MJSP, enquanto outro pelotão de prontidão permanecia aquartelado no Batalhão Escola de Pronto Emprego (BEPE), no Gama, cidade-satélite de Brasília; outros 100 mobilizados do BEPE estavam de sobreaviso para eventual “plano de chamada”.
De acordo com o relatório, o contingente dispunha de espingardas calibre 12, pistolas .40 e 9mm, além de lançadores AM 600, granadas variadas para controle de distúrbios, tasers de choque, coletes e escudos. Apesar do armamento, não houve registro de emprego de arma de fogo contra os vândalos. Dois policiais ficaram levemente feridos, um com corte na mão e outro com uma torção no pé. As novas informações sobre a atuação da Força Nacional no 8 de janeiro devem esquentar os pedidos de convocação de seu diretor em exercício, o delegado Ivair Matos Santos, assim como o comandante do batalhão de pronto emprego da FNSP, coronel Sandro Augusto de Queiroz, para depor na CPMI.
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