Urgente: Bolsonaro diz à PF que compartilhou postagem contra eleição ‘por engano’

Mesmo deletada de seu perfil três horas depois, a publicação que questionava o resultado das urnas serviu de argumento ao ministro Alexandre de Moraes para ouvi-lo no âmbito do inquérito do 8 de janeiro; defesa diz que ex-presidente estava sob efeito de medicamentos

  • Por Claudio Dantas
  • 26/04/2023 11h32 - Atualizado em 26/04/2023 12h02
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JOSÉ LUIZ TAVARES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Jair Bolsonaro Presidente Jair Messias Bolsonaro aparece no jardim do Palácio da Alvorada, na cidade de Brasília, DF, no dia 12 de dezembro

Em depoimento de aproximadamente duas horas à Polícia Federal, Jair Bolsonaro alegou que compartilhou “por engano” no dia 10 de janeiro o vídeo postado por uma seguidora do Facebook com questionamentos à vitória de Lula nas eleições. O ex-presidente disse que queria enviar o vídeo para seu WhatsApp para assistir posteriormente, mas acabou teclando errado e repostando o conteúdo publicamente no feed. Mesmo deletada de seu perfil três horas depois, a publicação serviu de argumento ao ministro Alexandre de Moraes para ouvi-lo no âmbito do inquérito do 8 de janeiro.

O vídeo compartilhado por Bolsonaro mostrava o trecho de uma entrevista do procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul, questionando o processo eleitoral. “Lula não foi eleito pelo povo brasileiro. Lula foi escolhido pelo serviço eleitoral, pelos ministros do STF e pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral”, diz Gimenez no vídeo. O procurador virou alvo de representação na Corregedoria da Procuradoria Geral Eleitoral. À imprensa, ele disse nunca ter mantido qualquer contato com Bolsonaro.

Segundo o advogado Paulo Cunha Bueno, o presidente estava internado num hospital em Orlando, sob efeito de morfina. “Foi um equívoco na hora de salvar o arquivo. Ele não percebeu que havia postado.” Fábio Wajngarten, ex-secretário de Imprensa, disse que o presidente “sequer havia percebido que tinha postado o conteúdo e só tomou conhecimento depois por assessores”. “Assim que alertado, apagou o vídeo.”

Wajngarten ressaltou que, em seu depoimento à PF, Bolsonaro reiterou sua condenação aos atos de 8 de janeiro e lembrou que o ex-presidente fez um tuíte repudiando as invasões ainda na noite do dia 8. O advogado Daniel Tesser, que também integra da defesa, disse que Bolsonaro consignou aos investigadores que as eleições de 2022 “são página virada”, que após a derrota ele fez a transição e depois, no dia 30 de dezembro, saiu de férias.

Segundo os assessores, o ex-presidente se limitou a comentar a postagem, evitando responder a outras perguntas para não prejudicar sua defesa no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral. Neste outro caso, Bolsonaro é acusado de abuso de poder político ao questionar a segurança das urnas eletrônicas. Sua defesa afirma que o encontro com os diplomatas não configurou ato eleitoral. A Procuradoria Eleitoral já se manifestou pela cassação dos direitos políticos do ex-presidente e o caso deve ser pautado em breve.

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