Exclusivo: pressionado a manter militar no GSI, Lula convida general Amaro

Lula também foi alertado por caciques petistas sobre o risco de manter Capelli, umbilicalmente ligado a Flávio Dino, que é alvo prioritário da oposição numa eventual CPMI do 8 de janeiro

  • Por Claudio Dantas
  • 20/04/2023 20h33 - Atualizado em 20/04/2023 20h35
Ricardo Stuckert/PR Lula e militares Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia do Dia do Exército, no Quartel-General do Exército, em Brasília

Lula convidou há pouco o general da reserva Marco Antonio Amaro dos Santos para assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após a queda do general Marco Edson Gonçalves Dias. Ex-chefe do Estado Maior do Exército e ex-comandante militar do Sudeste na gestão de Jair Bolsonaro, Amaro chegou a ocupar o GSI no segundo mandato de Dilma Rousseff, interrompido pelo impeachment — na ocasião, o gabinete era chamado de Casa Militar. É considerado um militar técnico e bastante respeitado na caserna. Ele entrou para a reserva em janeiro.

A Jovem Pan tentou contato com Amaro, mas não houve retorno. Recentemente, o militar criticou a divisão do GSI feita por Lula por meio do decreto 11.400/2023, que transferiu sua segurança diária para uma nova Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata, que responde diretamente ao gabinete pessoal e é integrada por policiais federais.

Desde ontem à noite, o GSI é ocupado interinamente por Ricardo Capelli, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública que atuou como interventor no Governo do Distrito Federal após os acontecimentos do 8 de janeiro. A decisão de trocar rapidamente Capelli por um militar foi tomada pelo presidente por orientação do ministro da Defesa, José Múcio, que ouviu queixas de integrantes do Alto Comando do Exército sobre entregar o comando de um órgão historicamente militar para um civil.

Lula também foi alertado por caciques petistas sobre o risco de manter Capelli, umbilicalmente ligado a Flávio Dino, que é alvo prioritário da oposição numa eventual CPMI do 8 de janeiro. Assim como Gonçalves Dias, Dino deve cair em breve e o presidente quer evitar um desgaste maior. Ofícios já divulgados pela Jovem Pan revelam que o ministro da Justiça soube antecipadamente do risco de invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, mas nada fez para impedir o ataque.

O Planalto avalia que G. Dias, flagrado em imagens de câmeras do Planalto interagindo pacificamente com os invasores, vai confirmar essas e outras informações sobre Dino no depoimento à Polícia Federal, no âmbito do inquérito conduzido por Alexandre de Moraes, o que vai dar ainda mais combustível à CPMI do 8 de janeiro. Lula, que viaja nesta madrugada para Portugal, tenta baixar a temperatura da crise.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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