PT está mais preocupado com a vaga de Rosa Weber
Nomeação do próximo ministro pode ser decisiva para a mudança de forças no Supremo; PT não abre mão de um nome de esquerda, mas Rodrigo Pacheco é pedra no caminho
Apesar dos elogios públicos de aliados, a indicação de Cristiano Zanin para o Supremo não agradou. O advogado é visto por caciques do PT e de partidos satélites como uma escolha personalíssima de Lula, alguém que será fiel ao atual presidente, mas não à esquerda. Quem se queixa de Zanin alega que o advogado, apesar do papel de destaque na defesa de Lula na Lava Jato, não deu um pio na época do mensalão em relação a outras lideranças do partido e nunca militou no mesmo campo ideológico. Não há registro de que Zanin tenha defendido qualquer bandeira da esquerda ou atuado probono para movimentos sociais ou mesmo para o PT. Formado na PUC, o advogado não integrou o movimento estudantil e é visto por alguns como alguém “de direita”.
Apesar da resistência, ninguém comprará briga com Lula, até porque a vaga de Ricardo Lewandowski é vista como menos importante do ponto de vista da mudança de forças no Supremo para a conquista de maioria. Lewandowski sempre votou com “a esquerda” e, no mínimo, Zanin cumprirá tabela seguindo na mesma linha. Já Rosa é considerada mais independente por nem sempre apoiar as pautas de interesse de Lula e do PT, tendo emitido o voto que rejeitou o HC preventivo de Lula em 2018, permitindo sua prisão. Na prática, a nomeação do substituto da ministra, que se aposenta em agosto, é muito mais importante para fazer a balança pender para o lado petista.
Por isso, desde ontem, quando Lula oficializou o nome de Zanin, políticos, advogados, jornalistas e influenciadores ligados ao PT começaram a pressionar por um nome feminino. O nome preferido é o de Carol Proner, mulher de Chico Buarque e integrante do Prerrogativas, grupo de juristas que apoia o presidente e tem indicado diversos ministros e secretários na Esplanada. O problema é que, na articulação com o Senado para aprovação rápida do nome de Zanin, Lula teria sinalizado com apoio a Rodrigo Pacheco para a próxima vaga, desbancando até o nome de Bruno Dantas, apadrinhado de Renan Calheiros. Pacheco se tornou essencial a Lula para conter o ímpeto oposicionista da Câmara de Arthur Lira.
Esse impasse promete esquentar a disputa pelo lugar de Rosa nos próximos meses e fragilizar o apoio quase cego que o presidente tem na cúpula do Prerrô. Também deve aumentar a pressão para a aposentadoria precoce de mais algum ministro, permitindo a abertura de uma terceira vaga ainda no mandato do petista — o nome que mais circula é o de Luís Roberto Barroso.
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