Como o setor de TI se beneficia do acordo entre Mercosul e União Europeia?
Entenda os impactos tecnológicos do pacto entre os dois blocos e as oportunidades em cibersegurança, proteção de dados e inovação
O acordo de parceria entre o Mercosul e a União Europeia (UE) representa um marco histórico no comércio internacional. Abrangendo mais de 718 milhões de pessoas e um PIB combinado de aproximadamente US$ 22 trilhões, o acordo cria oportunidades valiosas para o setor de Tecnologia da Informação (TI), especialmente nas áreas de cibersegurança, proteção de dados pessoais e desenvolvimento de software. Com a implementação de uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, empresas brasileiras têm muito a ganhar em termos de competitividade, inovação e novos mercados.
1. Acesso ampliado a mercados
A eliminação de tarifas para mais de 90% dos bens e serviços comercializados entre os blocos facilita a exportação de hardware, software e serviços digitais, tornando as soluções tecnológicas locais mais competitivas na União Europeia. Empresas de TI também ganham acesso a novos clientes e projetos, incluindo contratos de fornecimento tecnológico.
2. Oportunidades em cibersegurança
Com a crescente digitalização das economias europeias e sul-americanas, o mercado de cibersegurança está em alta. O acordo abre portas para empresas especializadas em segurança da informação oferecerem soluções robustas em prevenção de ataques cibernéticos, detecção de fraudes e proteção de infraestruturas críticas. A Europa, sendo referência em regulamentações rigorosas, como o GDPR, também busca parceiros confiáveis para fortalecer sua defesa contra ameaças digitais.
3. Proteção de dados pessoais como diferencial
A harmonização de padrões regulatórios pode facilitar a exportação de serviços relacionados à proteção de dados pessoais, especialmente para empresas que já operam em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e normas globais como o ISO/IEC 27701. Isso cria uma vantagem competitiva para empresas do Mercosul, que poderão fornecer soluções de adequação e auditoria para clientes europeus.
4. Atração de investimentos estrangeiros
A União Europeia já é o maior investidor estrangeiro no Mercosul, e o setor de TI brasileiro, reconhecido por sua inovação, é um atrativo natural para novos investimentos. Áreas como inteligência artificial, internet das coisas (IoT) e segurança digital podem se beneficiar da entrada de capital estrangeiro para desenvolvimento de tecnologias e ampliação de operações.
5. Participação em licitações públicas
A abertura de compras governamentais na União Europeia permite que empresas do Mercosul participem de licitações em setores estratégicos, incluindo serviços digitais e infraestrutura tecnológica. Essa oportunidade fomenta o crescimento do setor e amplia a exposição internacional das empresas de TI da região.
6. Transferência de tecnologia e inovação
O acordo fomenta parcerias em pesquisa e desenvolvimento entre empresas, governos e universidades dos dois blocos. Essa cooperação tecnológica pode acelerar a modernização do setor, gerando inovações em áreas críticas como o setor militar e defesa nacional por meio de tecnologias de reconhecimento facial, automação em proteção de dados e cibersegurança. Desse modo, diversos países têm buscado soluções que resolvam problemas práticos em tecnologia, e isso atrai cada vez mais investidores de países fora do eixo Mercosul-União Europeia, como mundo árabe e África.
7. Redirecionamento dos investimentos globais
Muitas empresas de tecnologia têm adotado estratégias para aumentar sua avaliação no mercado, estabelecendo suas sedes em países com maior estabilidade econômica e jurídica, como os Estados Unidos, enquanto mantêm operações em regiões com custos reduzidos de mão de obra, como os países do Mercosul. Essa abordagem permite otimizar custos e maximizar lucros ao direcionar a comercialização de seus produtos e serviços para mercados mais lucrativos, como a União Europeia. Com o novo acordo entre o Mercosul e a União Europeia, essa estratégia se torna ainda mais viável e vantajosa, oferecendo acesso facilitado a mercados europeus, redução de tarifas e oportunidades para parcerias estratégicas. Empresas que aproveitarem essa estrutura híbrida e global poderão potencializar seus resultados e alavancar sua competitividade internacional.
Além disso, o acordo entre Mercosul e União Europeia atrairá investimentos não apenas de países membros dos blocos envolvidos, mas também de outras regiões como Ásia, Oriente Médio e América do Norte. Esses investidores, mesmo estando fora do acordo, enxergam no Mercosul uma base estratégica de operações para acessar o grande mercado europeu em condições comerciais mais favoráveis. Países árabes, asiáticos e norte-americanos podem estabelecer fábricas, centros de desenvolvimento de software ou operações de logística nos países do Mercosul, aproveitando os benefícios tarifários e a proximidade com o bloco europeu. Essa dinâmica fortalecerá ainda mais a integração econômica global, criando novas oportunidades de negócio para as empresas locais e inserindo a região em cadeias de valor globais, impulsionadas pelo alcance estratégico desse acordo histórico.
Dicas para empresas se beneficiarem do acordo
De modo geral, as empresas do Mercosul terão maior acesso ao mercado europeu, que demanda produtos com alto padrão de qualidade e aderência a regulamentações específicas, como o GDPR (General Data Protection Regulation). Essa abertura incentiva a adaptação de softwares às normas de proteção de dados, tornando as soluções mais competitivas globalmente.
Empresas especializadas em cibersegurança podem criar softwares e serviços que atendam aos altos padrões exigidos no mercado europeu, como ferramentas de monitoramento de vulnerabilidades, detecção de ataques cibernéticos e compliance com normas internacionais. Startups e empresas de TI podem desenvolver produtos que facilitem a adequação de pequenas e médias empresas (PMEs) às legislações, ampliando sua base de clientes. Parcerias estratégicas entre empresas de TI e universidades europeias podem acelerar o desenvolvimento de soluções disruptivas no setor.
O mercado europeu busca ferramentas para modernizar setores como saúde, educação e transporte, criando oportunidades para empresas que desenvolvem softwares robustos e escaláveis. Para aproveitar as oportunidades oferecidas pelo acordo, as empresas de TI devem tomar ações estratégicas, especialmente nas áreas de cibersegurança e proteção de dados pessoais:
- Invista em conformidade: certifique-se de que seus serviços atendam às regulamentações de proteção de dados, como LGPD e GDPR para facilitar parcerias e acesso ao mercado europeu.
- Capacite sua equipe: ofereça treinamentos em normas internacionais, cibersegurança e privacidade de dados para preparar seus profissionais para demandas globais.
- Desenvolva soluções customizadas: crie produtos e serviços voltados às necessidades específicas de mercados europeus, como auditorias de proteção de dados e sistemas antifraude.
- Busque certificações: obtenha certificações como ISO/IEC 27001 e 27701, que aumentam a credibilidade e competitividade no mercado internacional.
- Estabeleça parcerias estratégicas: colabore com empresas europeias e instituições de pesquisa para acelerar a transferência de tecnologia e inovação.
- Aposte na internacionalização: utilize o acordo como uma porta de entrada para expandir operações e conquistar novos clientes no mercado europeu.
- Adaptação cultural e linguística: customize suas soluções de software para atender às necessidades culturais e linguísticas dos países da UE.
- Aproveitamento de incentivos fiscais: explore possíveis benefícios fiscais oferecidos pelo Mercosul para exportações de TI.
O acordo Mercosul-União Europeia oferece um cenário promissor para o setor de TI, mas o sucesso dependerá da preparação e da visão estratégica das empresas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades. Com planejamento adequado, o setor poderá não apenas crescer, mas também se posicionar como um dos grandes protagonistas da transformação digital global.
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*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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