Trump x Biden: aprenda técnicas para analisar debates políticos e não cair em fake news

Pirâmide de Graham é valiosa para enriquecer seu entendimento e discernimento e validar informações na era digital, como no embate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos

  • Por Davis Alves
  • 30/06/2024 08h00
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CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH/EFE/EPA Apoiadores de Trump observam o primeiro debate eleitoral presidencial de 2024 entre o presidente dos EUA Joe Biden e o ex-presidente Donald J. Trump durante uma festa de observação em Miami Apoiadores de Trump observam o primeiro debate presidencial de 2024 entre o candidato republicano e o presidente Joe Biden

A era digital trouxe um fluxo incessante de informações, onde a disseminação de notícias e opiniões se tornou instantânea e acessível a todos. No entanto, essa mesma facilidade impõe um grande desafio: a validação de informações. Em tempos de internet, é fundamental que os cidadãos desenvolvam habilidades críticas para analisar o conteúdo que consomem. Uma ferramenta valiosa nesse processo é a Pirâmide de Graham, que categoriza os diferentes níveis de argumentação e ajuda a distinguir argumentos sólidos de falácias.

Técnica: A Pirâmide de Graham

A Pirâmide de Graham foi criada por Paul Graham, um programador e ensaísta britânico. Ela categoriza as formas de argumentação em sete níveis, do mais baixo ao mais elevado:

  1. Insulto (Name-calling): A forma mais baixa de argumentação, onde os debatedores recorrem a insultos pessoais em vez de discutir as ideias.
  2. Ad-Hominem: Ataque direcionado ao caráter ou às circunstâncias do oponente, ao invés de refutar o argumento em si.
  3. Resposta ao tom (Responding to tone): Criticar o tom ou a forma como algo foi dito, em vez de confrontar a substância do argumento.
  4. Contradição (Contradiction): Negar a afirmação do oponente sem apresentar evidências ou argumentos robustos.
  5. Contra-argumento (Counterargument): Apresentar um argumento contrário ao ponto de vista do oponente.
  6. Refutação (Refutation): Identificar e refutar um ponto específico do argumento do oponente.
  7. Refutação central (Refuting the central point): Apontar e refutar a premissa principal do argumento do oponente de forma lógica e bem fundamentada.

Exemplo prático: análise do debate entre Trump e Biden

Para exemplificar os diferentes níveis da Pirâmide de Graham, analisaremos o debate entre Donald Trump e Joe Biden, realizado na quinta-feira (27).

Insulto: em certo momento do debate, Trump referiu-se a Biden como “fraco e incompetente”, um claro exemplo de insulto pessoal que não contribui para a discussão das políticas propostas.

Ad Hominem: Biden, por sua vez, respondeu atacando o caráter de Trump, alegando que ele é “desonesto e corrupto”. Este é um exemplo clássico de ad hominem, desviando o foco das questões políticas para a integridade pessoal do oponente.

Resposta ao tom: Durante o debate, Trump criticou o tom de voz de Biden, acusando-o de ser “demagogo e alarmista” sem abordar diretamente os argumentos apresentados por Biden sobre mudanças climáticas.

Contradição: Trump afirmou que as políticas econômicas de Biden seriam “um desastre total”, mas não apresentou evidências ou argumentos detalhados para sustentar essa afirmação, caracterizando uma contradição simples.

Contra-argumento: Biden apresentou um contra-argumento quando Trump defendeu sua política de imigração. Biden contrapôs que a abordagem de Trump era ineficaz e inumana, propondo, em vez disso, uma reforma abrangente do sistema de imigração.

Refutação: Trump tentou refutar a proposta de Biden sobre o aumento do salário mínimo, argumentando que isso levaria a um aumento do desemprego. Embora seja um argumento válido, ele se focou apenas em um aspecto da proposta.

Refutação Central: A forma mais elevada de argumentação foi demonstrada quando Biden abordou a premissa central da política de saúde de Trump, destacando as falhas na cobertura de seguros de saúde e propondo um plano alternativo com dados e exemplos concretos para suportar sua posição.

Conclusão

A Pirâmide de Graham oferece uma estrutura valiosa como técnica em um mundo digital para avaliar a qualidade das argumentações em debates políticos, especialmente em tempos de internet, onde a desinformação pode se espalhar rapidamente. Ao aplicar esses princípios, os cidadãos podem se tornar consumidores mais críticos de informações, promovendo debates mais construtivos e informados. O debate entre Trump e Biden é um exemplo claro de como diferentes níveis de argumentação podem ser utilizados, destacando a importância de focar em refutações centrais para uma discussão verdadeiramente produtiva. É importante que em tempos de internet os profissionais de privacidade de dados atuem de modo ativo para garantir a segurança da informação e assim evitar as fake news com técnicas de análise crítica.

Assista à live abaixo, em que ensino mais técnicas para identificar manipulações de massas:

Técnicas de Manipulação de Massas: Como identificar?

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*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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