Trump suspende a loteria do green card após atentado na Brown University

Criado pelo Congresso em 1990, o Programa de Vistos de Diversidade concede até 55 mil green cards por ano a cidadãos de países com baixa taxa histórica de imigração

  • Por Eliseu Caetano dos Estados Unidos 
  • 19/12/2025 09h44
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Francis Chung/EPA/EFE/Pool Donald Trump, fala com repórteres enquanto deixa o gramado sul da Casa Branca para embarcar no helicóptero Marine One. Trump

A decisão do presidente Donald Trump de suspender o Programa de Vistos de Diversidade — conhecido como a “loteria do green card” — marca uma inflexão clara na política migratória americana e recoloca no centro do debate a relação entre imigração legal e segurança nacional. O anúncio foi feito após a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, confirmar que o atirador da Universidade Brown, Claudio Manuel Neves Valente, obteve residência permanente nos Estados Unidos em 2017 por meio do programa DV-1. Segundo o Departamento de Segurança Interna, Valente jamais deveria ter recebido autorização para permanecer no país.

Criado pelo Congresso em 1990, o Programa de Vistos de Diversidade concede até 55 mil green cards por ano a cidadãos de países com baixa taxa histórica de imigração para os Estados Unidos. A seleção é feita por sorteio eletrônico, e os beneficiários podem incluir cônjuges e filhos menores de 21 anos. O programa não exige vínculo familiar prévio nem oferta de emprego, bastando escolaridade mínima ou experiência profissional básica.

Os países elegíveis variam anualmente, com base em dados oficiais do Departamento de Estado. Ficam automaticamente excluídos aqueles que enviaram mais de 50 mil imigrantes aos EUA nos cinco anos anteriores.  Em anos recentes, países como Brasil, México, Índia, China, Nigéria, Filipinas, Colômbia e Venezuela estiveram fora do programa justamente por apresentarem altos fluxos migratórios. Já nações da África, Europa Oriental, Ásia Central e partes do Oriente Médio costumam concentrar a maioria dos vistos concedidos.

Embora apenas 55 mil vistos sejam emitidos anualmente, o número de interessados é muito maior. Em ciclos recentes, mais de 15 a 20 milhões de pessoas se inscreveram a cada ano, com cerca de 120 mil a 130 mil selecionados inicialmente, já prevendo desistências e reprovações ao longo do processo consular.

Para a administração Trump, o problema central não é a imigração legal em si, mas o modelo do programa. O presidente já havia defendido o fim do DV-1 em 2017, após o ataque com caminhão em Nova York que matou oito pessoas – também cometido por um imigrante que entrou no país por meio do sistema de diversidade. Na ocasião, Trump argumentou que o sorteio ignora critérios de mérito, necessidade econômica e avaliação de risco aprofundada.

Ao determinar agora a suspensão imediata do programa, Trump volta a sustentar que o DV-1 representa uma falha estrutural. O caso Brown foi apresentado como evidência concreta de que o sistema permite a entrada e a permanência de indivíduos que, mais tarde, se tornam uma ameaça à sociedade americana.

Críticos da decisão afirmam que crimes violentos não podem ser atribuídos a um único mecanismo migratório e alertam que o programa foi criado por lei, o que pode gerar disputas judiciais. Ainda assim, a Casa Branca aposta no argumento de que repetidos casos de violência associados ao mesmo modelo de admissão exigem revisão profunda, não defesa automática do status quo.

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A suspensão do DV-1 não encerra o debate, mas deixa claro o eixo da política migratória defendida por Trump: menos aleatoriedade, mais controle seletivo. Em um cenário político polarizado, a questão deixou de ser apenas ideológica e passou a ser estrutural – e o caso Brown torn

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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