Confira vinhos de castas brancas desconhecidas que merecem ser apreciados e saiba como combiná-los
Riesling, Chardonnay e Sauvignon Blanc são uvas viníferas brancas muito conhecidas, mas há outras opções que fogem do lugar comum e entregam ótimas bebidas
Riesling, Chardonnay e Sauvignon Blanc são, com certeza, as uvas viníferas brancas mais conhecidas e cultivadas no mundo todo e ouso afirmar que seus vinhos são os que ocupam a maior parte dos espaços das prateleiras aqui no Brasil, na América do Sul e, especialmente, nos Estados Unidos. Entretanto, há muitas outras castas brancas que entregam ao mercado vinhos muito especiais e que merecem ser conhecidos e apreciados. Muitas são uvas autóctones (regionais nativas), ou seja, originárias de um determinado território e que ali se desenvolveram plenamente. Passo a destacar algumas, com sugestões de vinhos das mesmas, disponíveis por aqui. E começo com uma pouco conhecida da mítica região francesa da Borgonha, a Aligoté, que tem uma resistência ímpar a temperaturas mais frias, sendo originária da sub região Borgonha denominada Corton, remotando sua origem ao Século XI d.C.. Seus vinhos são longevos e têm uma minerabilidade incrível, sendo ótimos companheiros de frutos do mar. Um bom exemplo de vinho branco da Aligoté é o Bourgogne Aligoté – Sarnin-Berrux e o Joseph Drouhin Bourgogne AOC Aligoté.
A Sylvaner é uma casta branca germânica por essência, cultivada, principalmente, na Alsácia e nas regiões do sul da Alemanha. Seus vinhos são aromáticos sem serem, entretanto, enjoativos; costumam ser vinhos de coloração bem clara e fáceis de beber. São bem gastronômicos e seguem com equilíbrio com queijos mais fortes, como os ditos queijos azuis. Os germânicos da Francônia são muito consumidos mundo afora. Sugiro conhecerem o Ruhlmann Silvaner Alsácia A.O.C. e o Iphöfer Silvaner Trocken – Hans Wirsching, este último da Francônia. A Viognier é uma uva que já esteve à beira da extinção e é hoje encontrada em diversos países como Uruguai, Argentina, África do Sul, Nova Zelândia e até no Brasil. Sua origem remota a Dalmácia, região do leste europeu, e, de lá, teria sido levada para a região do rio Rhône pelos romanos. Seus varietais costumam ser robustos, de baixa acidez, com teor alcoólico próximo a 13% de “AbV”, aromas de flores, mel e frutas, principalmente o damasco. É uma casta também muito utilizada em cortes com outras uvas brancas. Pedem pratos mais gordurosos. O uruguaio Don Pascual Reserve Viognier é uma boa pedida e o Terroir Exclusivo Viognier, da Valduga, é um brasileiro de qualidade e complexidade ímpares.
Já a Assyrtiko é uma uva vinífera grega, autóctone de Santorini, ilha vulcânica, varrida pelo vento, onde as raízes das videiras podem atingir até 18 metros de profundidade no solo preto e rico em cinzas vulcânicas (como não poderia deixar de ser). Ela nos dá vinhos vigorosos, potentes, com notas minerais, cítrico, pêssego, maçã verde. São perfeitos com mariscos e, quando barricados, podem ser ótimos companheiros para pratos de carne, a exemplo de um tradicional “Picadinho Carioca”. Podemos conhecer esta uva em vinhos como, por exemplo, o Monograph Assyrtiko, do Gaia, ou o Vóila Assyrtiko Branco, Lyrarakis Winery (Creta), fáceis de serem encontrados e bebidos. Da Itália temos a Catarratto que é originária da região vitivinícola da Sicília e muito cultivada no Etna e Alcamo. Seus vinhos costumam ser suculentos e complexos, contando com boa acidez. No nariz, revelam notas de frutas cítricas, como limão e tangerina, alguns florais, além de toques de amêndoas. São bons pares de saladas, mesmo que temperadas com vinagre, indo muito bem com um atum cru ou selado. O Vinho Regaleali Bianco Catarratto é uma boa sugestão e deve ser consumido bem refrescado, assim como o Doricum Catarratto IGP Terre Siciliane, ambos que recomendo.
Para terminar, destaco a casta portuguesa Encruzado, muito presente na Região do Dão. Estamos diante de um dos brancos mais longevos do mundo. Já provei vinhos desta uva com mais de quarenta anos de garrafa e que estavam absolutamente íntegros. São vinhos encorpados, ricos e com aromas frutados. No Dão costumam ser barricados de forma ímpar, de tal modo que, muitas vezes, a “manteiga” se faz presente. São, essencialmente, vinhos gastronômicos e que pedem pratos condimentados. Gosto bastante com algumas receitas de bacalhau. O Quinta de Saes Reserva Encruzado é icônico e o Quinta da Falorca Encruzado é uma excelente opção, também disponível por aqui. Estas castas trazem um universo de vinhos brancos que merece ser explorado pelo consumidor brasileiro, por fugirem do lugar comum. Salut!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.