Conheça melhor os vinhos uruguaios
País vizinho tem vinhos de qualidade, com os Tannats como protagonistas
O Uruguai é o quarto maior produtor de vinhos da América Latina e é famoso pelos seus “Tannats”, casta tinta que se adaptou sobejamente ao solo e clima desta nação. A região produtora fica ao norte de Montevideo, denominada Canelones, responsável por quase 60% da produção dos vinhos uruguaios.
Curiosamente, o terroir do Uruguai se assemelha à margem direita de Bordeaux (Pomerol, Lalande-de-Pomerol, Fronsac e Saint Émilion), com solo argiloso e calcário, relevo ondulado – que propicia excelente irrigação e drenagem – e clima subtropical, com estações bem marcadas. As uvas brancas mais presentes são Chardonnay, Sauvignon, Sémilion e Viognier; as tintas, com predominância da Tannat, são a Pinot Noir, Syrah e Cabernet Sauvignon. Os vinhos brancos uruguaios costumam ser bem minerais e os tintos, com estrutura e taninos bem marcantes.
A viticultura é histórica no Uruguai, tendo mais de 250 anos de presença. Os primeiros a trazerem as vinhas para a região foram os bascos, os italianos e os franceses, sendo que os uruguaios são grandes consumidores de vinhos, chegando à marca de 32 litros per capita anuais. Até os anos setenta, do século passado, os produtores uruguaios só visavam abastecer o mercado interno, entretanto, atentos à nova ordem mundial do vinho, a partir de 1970, aproximadamente, passaram a investir no manejo das parreiras e na formação de profissionais da viticultura com categoria mundial. Em 1987 o controle da produção e exportação de vinhos passou das mãos estatais para um instituto privado – o INAVI – e aí foi só seguir a estrada do sucesso. A Tannat, esta casta originária de Madiran, França, se firmou como a grande protagonista dos vinhos uruguaios, nos principais centros consumidores mundiais, e hoje é possível encontrar vinhos uruguaios em cartas dos grandes centros urbanos pelo mundo afora, inclusive Londres, Tokyo e New York. Afora Canelones, outras regiões vinícolas que merecem menção são Artigas e Rivera, ao norte, San José ao sul, Colônia no litoral sul e Maldonado e Durazno na região central do país.
Para melhor conhecer os vinhos do Uruguai, que têm uma personalidade toda própria, ao contrário, por exemplo, dos chilenos, que são planos e carregam mais marketing que qualidade; vou sugerir alguns presentes no mercado nacional. E começo com o RPF Tannat, da Pisano, com aromas concentrados e o palato macio, rico e bastante saboroso. Um Pinot Noir que me impressionou, pela qualidade, é o Narbona, que resulta do corte de dois clones da variedade Pinot Noir, e onde o enólogo se esmerou, criando um vinho com médio corpo, gostosa acidez, taninos delicados. Um vinho de corte elegante e delicioso é o Cuatro Gatos, da Ariano, Tannat e Cabernet Sauvignon, sendo um vinho extremamente elegante e estruturado, seus taninos são aveludados e marcantes com uma acidez agradável e ótima persistência no paladar. Um branco excelente que sugiro é o Garzon Viognier de Corte, com especial destaque para sua mineralidade e notas florais e de fruta de caroço, como pêssegos, sendo muito gastronômico. E finalizo com o Cerro del Toro Alvarinho Atlântico, um branco de aromas cítricos e que vai muito bem com Sushis, Peixes Ricos em Gordura e, até, um Magret de canard à l’orange et au miel. Sair do lugar comum e fugir dos vinhos planos, cheios de marketing e magros na qualidade é um encontro certo com os vinhos do Uruguai. Salut!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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