Conheça os ótimos vinhos tintos da Hungria e sua rica história

Bebidas são verdadeiras joias enológicas, com rica história; Tokaji (ou Tokay) é tão importante na Hungria que há menção dele no Hino Nacional

  • Por Esper Chacur Filho
  • 15/09/2024 10h00 - Atualizado em 15/09/2024 13h15
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Arquivo Pessoal/Esper Chacur Filho Villányi Pinot Noir Teleki Villányi Pinot Noir é um vinho tinto acessível e com ótima acidez

A Hungria, no que concerne seus vinhos, é conhecida, preponderantemente, pelo Tokaji, vinho doce e produzido a partir de uvas “botrificadas” (atacadas pelo fungo “Botrytis Cinérea”, que leva as castas a um envelhecimento semelhante ao apodrecimento, entretendo elevando seu dulçor a níveis raros e deliciosos). O Tokaji ou Tokay é tão importante na Hungria que há menção dele no Hino Nacional daquele país. Entretanto, os viticultores húngaros não produzem só Tokay ou vinhos brancos, preponderantemente da casta Furmint; de lá saem ótimos tintos e que estão bem presentes em mercados como o brasileiro. A verdade é que os vinhos tintos da Hungria são uma verdadeira joia enológica, com uma rica história que remonta a séculos e cuja produção está presente, especialmente, nas regiões vinícolas de Eger, Villány, Szekszárd e Sopron. Vale lembrar que a tradição vinícola na Hungria remonta aos tempos romanos, e o país é um dos mais antigos produtores de vinho da Europa. Durante a Idade Média, a Hungria já era famosa por seus vinhos, e sua reputação foi mantida até a Segunda Guerra Mundial, quando o comunismo trouxe a coletivização das vinhas, afetando negativamente a qualidade dos vinhos. Somente após a queda do regime, nos anos noventa do século XX, os vinicultores húngaros voltaram a focar na qualidade, resultando no renascimento da indústria vinícola húngara.

Voltando ao tema, os tintos mais típicos vêm das variedades de uvas autóctones (locais), destacando-se a Kékfrankos (conhecida como Blaufränkisch na Áustria e Alemanha), uma uva que oferece vinhos com corpo médio, taninos firmes e aromas de frutas escuras. Outra variedade importante é a Kadarka, uma uva de origem balcânica que produz vinhos elegantes, com uma acidez viva e notas de especiarias. A Bikavér (ou “Sangue de Touro”) é uma das misturas tintas mais emblemáticas da Hungria, especialmente associada à região de Eger. Este blend costuma incluir Kékfrankos, Kadarka, Cabernet Sauvignon, Merlot e outras uvas, resultando em vinhos complexos e estruturados. 

A crescente popularidade dos vinhos tintos húngaros tem facilitado a sua disponibilidade em mercados internacionais, incluindo o Brasil. Algumas sugestões de vinhos tintos húngaros disponíveis no país são: o Gere Attila Kopar Cuvée (Villány) — um blend poderoso e bem estruturado de Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, com notas de frutas escuras, especiarias e toques de barrica; o Bikavér St. Andrea (Eger) é um excelente exemplo do “Sangue de Touro”, com camadas de frutas vermelhas, taninos finos e uma acidez viva; já o Heimann Szekszárdi Kékfrankos é um Kékfrankos de alta qualidade, com corpo médio, acidez vibrante e notas de frutas vermelhas e ervas secas. Por fim, um vinho tinto acessível e com ótima acidez é o Teleki Villányi Pinot Noir, produzido no sul da Hungria. Explorar os vinhos tintos húngaros é uma experiência única, que oferece um mergulho na história, cultura e terroirs desse país fascinante. O Brasil, com seu crescente mercado de vinhos, é um ótimo lugar para começar essa jornada enológica.  Salut!!!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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