Conheça vinhos tintos da região de Provence, no sul da França
Banhada pelo Mar Mediterrâneo, localidade produz rótulos excelentes a preços bem razoáveis e de tipicidade bem marcantes
A Provence, região localizada no sul da França e banhada pelo Mar Mediterrâneo, é famosa por seus vinhos roses, que são muito bons, a despeito de eu, pessoalmente, gostar mais dos roses do Rhône. Inegável que o gosto do consumidor é para os, muito bons, vinhos roses da Provence e não pelos, espetaculares, roses do Rhône. Por conta desta predominância dos vinhos roses de lá, a Provence é esquecida como produtora de vinhos tintos. E o é de modo injusto, porque de lá saem excelentes tintos, a preços bem razoáveis e de tipicidade bem marcantes. Os vinhedos, na Provence, vão de leste a oeste, com cerca de 200 km, do maciço do Estérel ao de Alpilles. Situadas principalmente nos departamentos de Bouches-du-Rhône e do Var, as apelações Coteaux d’Aix-em-Provence, Coteaux Varois-em-Provence, Côtes de Provence e as denominações de terroir Côtes de Provence Sainte-Victoire e Côtes de Provence Fréjus produzem vinhos de uma grande diversidade aromática, mas com os vinhedos bem ensolarados, resultado do clima mediterrâneo. Foram os gregos que trouxeram a vinha para essa região bem antes da chegada dos romanos que, junto com os monges apenas perduraram seu cultivo. Entre Marselha e Nice, Provence oferece uma paisagem variada, que recebe os sopros do Mistral e apresenta um clima ensolarado.
A região de Provence ‘demonstra uma personalidade única, que reflete em seus vinhos o charme do clima mediterrâneo, com invernos moderados e verões extremamente quentes’, segundo Amarante. Os tintos de lá, nosso foco aqui, são encorpados e longevos, de forma geral. São vinhos que respeitam o terrior e se divorciam de tendências de marcado. É uma região onde os produtores tendem a optar por uma viticultura mais natural, com menos agrotóxicos e pouco ou nenhum uso de estabilizantes, até porque pouco visam a exportação. O primeiro tinto da Provence, com o qual tive contato, foi o Château Vannières, safra 2000 (última do século XX) e, de pronto, me apaixonei por este corte de Grenache, Cinsault e Mourvèdre, as castas tintas predominantes da sub região provençal de Bandol. A partir dai, passei a me aventurar pelos tintos de lá, a ponto de virar fã dos mesmos. A Provence é cheia de lirismo e histórias encantadoras, uma delas é contada no filme A Good Year – EUA, 2006 – cujo título se refere a uma boa safra de vinho. A bebida serve de pano de fundo para toda a história, que foi inspirada no livro de Peter Mayle e o filme estrelado por Russell Crowe, Freddie Highmore, Albert Finney e Rafe Spall, dentre outros. Confesso já ter assistido mais de cinco vezes…
Convido o leitor a conhecer alguns vinhos tintos da Provence e sugiro começar, exatamente, pelo Château Vannières Bandol, encorpado e gastronômico, que vem de vinhas, em média, com trinta e cinco anos plantadas em solo argilo-calcário de Bandol e cuja colheita é manual. Um vinho espetacular é o Château de Brigue Héritage, que harmoniza facilmente com carnes vermelhas, carnes de caça e queijos. A propriedade onde se encontra a vinícola se estende por 120 hectares de vinhas no coração da apelação da Côte de Provence. Por seu turno o Cuvée de l’Oratoire, da Domaine de Saint Ser, é um vinho que apresenta uma bela cor rubi, nariz poderoso de frutas vermelhas como cassis e amoras silvestres; vai muito bem com pratos condimentados e, até, um churrasco. O Gueule de Loup, do Château de Roquefort, é um típico vinho de autor, possui uma linda cor granada e aromas selvagens de ervas da montanha (tão típicas da região) e frutas vermelhas e pretas com notas de cereja. Segundo o importador, é de agradável vivacidade na boca, muito versátil gastronomicamente. Descobertas e aventuras são o que imprimem o DNA dos vinhos e o gosto do bebedor; aventura-se e Salut!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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