O misticismo ao redor dos vinhos mais caros do mundo

Por US$ 15.500 a garrafa, é possível ter na adega um Henri Jayer Richebourg Gran Cru; safras raríssimas e preços elevados podem ser justificáveis para os colecionadores, já para nós, mortais bebedores, o melhor vinho é aquele que dá prazer

  • Por Esper Chacur Filho
  • 15/01/2021 10h00
Wikimedia Commons Wikimedia Commons Vinhos envelhecidos

A despeito de nós nos afastarmos desta soberba que envolve os vinhos e de entendermos que o melhor vinho é aquele que você gosta, é inegável que existe um misticismo ao redor dos vinhos mais caros do mundo. Dentre eles há curiosas surpresas. Se considerarmos os dez vinhos mais caros do mundo de safras recentes, sem o viés do colecionismo, nenhum vinho de Bordeaux entraria na lista, enquanto vários da Borgonha sim. Mais ainda, entrariam dois alemães, um seria o “Joh Jos Prum” e outro da espetacular “Egon Muller’. Nenhum vinho do Novo Mundo alçaria lugar nesta lista. Penso que, até com justeza, pois poucos vinhateiros são criativos e geniais no Novo Mundo, para criarem joias de alta quilatagem, em que pese vinhos como os da Penfolds e os Opus One, para não me alongar, dentre outros vinhos especialíssimos.

A surpresa é: o vinho mais caro do mundo não seria o Romaneé Conti, que, na verdade, ficaria em segundo lugar. O vinho mais caro do mundo considerando safras recentes, é o Henri Jayer Richebourg Gran Cru, que custa US$ 15.500 a garrafa. Esses vinhos são emblemáticos e só. Ora, a Ferrari, mesmo sendo um dos carros mais caros do mundo, não é um veículo apropriado para andar no Amazonas – e este paralelo serve para estes vinhos também. Eles não são destinados a consumo, ao meu ver – mas sim têm por função criar um Marketing sobre as casas que os produzem e, especialmente, sobre a região. Na verdade, a pretensão é que o preço que alcançam empreste nobreza às suas origens. Um parênteses, no entanto, é merecido: os grandes vinhos do Porto e da Madeira, de safras raras, têm preços elevadíssimos, mas, aí, entram na categoria dos colecionáveis. Encerrando, meus caros, isso só serve de curiosidade, primeiro pois não são acessíveis a nós, mortais bebedores e, depois, porque, como afirmamos acima, o melhor vinho é aquele que você gosta que te dá prazer, o prazer do possível.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.