Saiba por que os barris de madeira são usados para armazenar vinhos e sua diferença para os tanques de inox

Na Antiguidade, viticultores perceberam que a bebida melhorava em transportes longos ou em armazenagens mais extensas

  • Por Esper Chacur Filho
  • 26/05/2024 10h00
Arquivo Pessoal/Esper Chacur Filho Armazamento de vinho Barril de carvalho passou a ser fator importante na produção, mas muitos produtores passaram a usar os tanques de aço inoxidável

O vinho é uma bebida complexa, fácil de beber, mas complexa em sua essência. E boa parte desta complexidade se dá por conta da maturação e do “descanso” após a fermentação. Nós sempre tendemos a associar a armazenagem às barricas de carvalho, pois, desde sempre, o vinho era maturado e arredondado em barris de madeira. Na verdade, os viticultores da Antiguidade perceberam que o vinho melhorava em transportes longos ou em armazenagens mais extensas, daí passaram a incorporar a barrica de madeira como um dos fatores importante na produção. O barril já vinha sendo usado para o armazenamento e transporte de vinho pelos povos da Mesopotâmia muitos séculos antes de Cristo, conforme relatos do historiador e geógrafo grego Heródoto (484-425 a.C). Os romanos começaram a utilizar barris de madeira por influência dos celtas.

No século II da era cristã era comum o emprego de barris para o armazenamento de vinho, azeite e água, até por ausência de outros recipientes, lembrando que os de barro ou argila absorviam quantidades do líquido se o armazenamento se desse por muito tempo. O barril de carvalho mais utilizado na produção de vinho — quase uma unanimidade — é o “Barrique Bordeuax”, de 225 litros. Nos tempos modernos, onde o barril de carvalho passou a ser fator importante na produção, servindo para, por exemplo, dar o toque madeirado ou domar seus taninos, muitos produtores passaram a usar os tanques de aço inoxidável na produção e armazenagem de seus vinhos, seja por economia, seja pela proposta de consumo do produto. 

O tanque de inox começou a ser usado na Austrália, por volta da década de 70, seguindo o exemplo dos produtores de leite, conforme matéria publicada na Gazeta do Povo, em 6 de agosto de 2020:  “O grande benefício é que ele é inerte. Não passa sabor, gosto. É só um recipiente. E o controle de temperatura é outra vantagem, fazendo com que o vinho possa ficar armazenado por meses sem perda da qualidade. Além disso, a manutenção é mais fácil e barata”. Podemos dizer que os tanques de inox são inertes, ou seja, não interagem com a bebida nem deixam que o oxigênio entre em contato com o vinho. Dessa forma, é possível para o enólogo ter um controle muito mais preciso sobre o resultado final do produto, que não contará com intervenções externas. Vinhos mais jovens, os tais vinhos frescos, podem ser produzidos só em inox em face de sua proposta, sendo verdade que caberá ao enólogo a dosimetria de sabores e aromas. Espumantes em inox são uma realidade, reduzindo muito o custo final do produto e, assim, possibilitando um consumo mais abrangente. Salut! 

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.