Versáteis, interessantes na harmonização e cada vez mais populares: conheça o vinho laranja
Eles combinam bem com uma variedade de pratos, especialmente os que possuem sabores intensos e texturas ricas; é interessante servi-los a uma temperatura ligeiramente mais alta que a dos brancos tradicionais
O vinho chamado de “laranja” parece ser uma grande novidade — contando que dez anos, para vinhos, é pouco tempo —, entretanto, trata-se de uma volta às origens no que tange os processos de vinificação e produção de vinhos. Eles são produzidos a partir de uvas brancas, mas com um processo de vinificação semelhante ao dos vinhos tintos, onde as cascas das uvas permanecem em contato com o mosto por um período prolongado. Esse método, conhecido como maceração pelicular, confere ao vinho uma cor que varia do dourado ao âmbar, daí o nome “vinho laranja”.
O processo de produção desses vinhos resulta em características distintas tanto no sabor quanto no aroma. Eles tendem a apresentar notas de frutas secas, mel, nozes, especiarias e, por vezes, um leve toque oxidativo, que contribui para uma complexidade notável. Além disso, a presença das cascas confere aos vinhos laranjas uma estrutura tânica mais robusta, algo incomum para vinhos brancos, o que os torna especialmente interessantes na harmonização com alimentos.
Os vinhos laranjas são frequentemente associados a métodos de vinificação naturais ou minimalistas, onde há pouca ou nenhuma adição de sulfitos e os processos são conduzidos com o mínimo de intervenção. Regiões como a Geórgia, Itália e Eslovênia são especialmente conhecidas pela produção tradicional desses vinhos, embora sua popularidade esteja se espalhando por outras partes do mundo. No Brasil, várias vinícolas têm produzido vinhos laranja, sempre acreditando no potencial de acidez de tais vinhos, resultado de um terroir absolutamente apropriado para a produção de tais vinhos.
Por serem vinhos muito versáteis, eles combinam bem com uma variedade de pratos, especialmente os que possuem sabores intensos e texturas ricas, como pratos da culinária asiática, carnes brancas e queijos envelhecidos. Para apreciá-los ao máximo, é interessante servir os vinhos laranjas a uma temperatura ligeiramente mais alta que a dos brancos tradicionais, porém não a temperatura ambiente, permitindo que suas nuances sejam plenamente percebidas.
Vou deixar algumas sugestões de vinhos laranja, a começar por dois produzidos por aqui. O primeiro é o Viapiana Exóticos Laranja, produzido em Flores da Cunha (RS), a partir da rara casta Gros Manseng. A outra sugestão é o Arancione da Vinícola Villaggio Conti, de Santa Catarina, produzido a partir de um blend das castas Ribolla Gialla, Grechetto, Vermentino e Malvásia. Dos franceses, um excepcional e bem acessível é o Si Rose da Domaine Binner, Alsácia, complexo e agradável ao paladar. Os argentinos têm investido na produção dos Laranjas e de lá sugiro o Abismal Herrencia Torrontés Naranjo, que, segundo o produtor, apresenta estrutura na boca marcado por acidez no final. Por fim, o mais cultuado vinho laranja, o Gravner Ribolla Anfora, é produzido a partir da uva Ribolla Gialla, uma casta branca ancestral e nativa de Friuli. Aqui, também, para conhecer os vinhos mais gastronômicos que têm vindo ao mercado, é importante se despir de preconceitos e paradigmas falsos e provar, beber. Salut!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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